sábado, 14 de janeiro de 2012

O sentido da morte



O sentido da morte

Estou, de novo, a pensar no sentido da morte, Steve.
A morte, dizias, seria a maior invenção da vida!
Quem diria, Steve?! Só mesmo tu! …
Mas talvez eu preferisse inverter os papéis!
Pois, então, não é a vida a maior invenção da morte,
Saída de um panelão de uma cozinha enorme iluminada,
Os ingredientes todos juntos e preparados pelo tempo,
E, depois, depois apenas uma simples erupção,
Como num simples interruptor de zero para um?! …
Tu, que pensaste nisso,
Que dirias, Steve?

Mas talvez tenhas mesmo razão!
A vida, a vida de cada um de nós,
Só tem sentido e um valor como outro valor não há
Porque a morte lhe sucede num dia incerto,
Ou a vida em outro estado de vida,
Isso não sei, Steve!
Estou a pensar …
Se a vida fosse eterna,
Se a vida, genialmente,
Não tivesse criado a sua própria morte,
Que encanto teria o dia seguinte,
E aquele petisco de fim de tarde,
E aquele luar dos namorados,
Se haveria sempre um dia seguinte?
E o prazer e a pressa de fazer,
De não adiar para amanhã o dia de hoje,
Esse stress bom,
Por amanhã poder um dia certo já não ser …
Talvez tenhas mesmo razão, Steve!

E o beijo, então, a que saberia?
E haveria mesmo o beijo?
Talvez não, Steve! …

Nem vida haveria! …

José Rodrigues Dias, 2011-10-07

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