quarta-feira, 29 de setembro de 2021

Poemas em caminhos do vinho e da vida

 



Notas do Autor

 

Este livro nasceu tão inesperado quão rápido. Foi de um e-mail, o endereço de recepção não o da Universidade, divulgando o III Congresso Internacional Língua, Literatura, Vinho e Território (os dois anteriores em La Rioja (Espanha, 2018) e em Vercelli (Itália, 2019)), a realizar-se em Novembro de 2021, na Universidade de Évora, casa minha feita desde a sua primeira aula, eu jovem docente nessa sua aula primeira, que fora também a minha, de Matemática I, em 10 de Novembro de 1975, há já tanto tempo, já lá tão longe…

 

Intrigado, perguntei. Tinha escrito uns poemas, umas dezenas, à volta do vinho e dos seus caminhos. J. Rodrigues Dias, matemático, meu  irmão gémeo, fez um resumo atrevido, quase louco. Questionando-me, submeteu-o ao congresso. Nesse momento, independentemente da sua aceitação, este livro tinha sido concebido.

 

Este o livro nascido, um mês e meio de gestação, aproximadamente, condicionado e livre, em tua mão, contigo, voando.

 

Pensado como se uma viagem ao longo do tempo, em ciclos se abrindo e fechando, renovando-se em renascimentos, feito o livro de histórias fazendo-se poemas de palavras: da terra-mãe ao vinho, do bebei (incluindo o simbolismo da fraternidade em transmutação), do ide, pelo sonho, ao inebriamento, do vinagre, da vida e da morte, e da morte o renascimento, simbólico e concreto, em novos rebentos de videira, fazendo-se de novos cachos de uvas o vinho novo com suor na terra-mãe…

 

Neste caminhar do livro, pelos cento e cinquenta poemas, um número redondo, mais do que inicialmente previsto, o encontro com gente da literatura em poesia e prosa, de Miguel Torga a José Saramago, de Manuel da Fonseca a Gabriel García Márquez, do multifacetado Steve Jobs ao Papa Francisco, por territórios em especial de Trás-os-Montes (Douro) e do Alentejo (onde o vinho é ser nobre), terras-mãe do autor, de origem e de adopção. No caminhar, seguindo o tempo cronológico em cada secção do livro, o encontro da palavra expressa em formas diferentes, do poema em verso livre até ao terceto simétrico, rigoroso, o segundo verso como eixo de uma simetria geométrica, visual, como expressão mui trabalhada da palavra na língua, como se pedra burilada na construção do poema. E assim se obtém, já desde o início de 2017, e já antes, unindo as extremidades dos três versos, rimando muitas vezes o primeiro e o terceiro, um triângulo isósceles, com todo o simbolismo que se lhe queira atribuir.

 

No título de cada poema aparece um índice que identifica o livro em que fora primeiramente publicado, aparecendo a respectiva lista no fim do livro, excepto se o poema é publicado pela primeira vez.

 

Neste livro, há poemas escritos desde 2009 até 2021, inclusive, aparecendo alguns, os primeiros nas respectivas secções, que, por não ter sido agora identificada, não têm data. Por outro lado, há, pelo menos, um poema de cada um dos 32 livros de Poesia até agora publicados, para além de três integrados em três colectâneas em que o autor participara. Talvez assim se possa ver também como, pelo menos do ponto de vista formal, a poesia do autor foi evoluindo no tempo.

 

Muitos os poemas que, estando integrados numa secção, poderiam estar numa outra, até em mais do que uma, pela afinidade que os une.

 

Nem todos os poemas encontrados com videira, ou com vinho, por exemplo, foram neste livro incluídos. Tal deveu-se ao facto, imposto ao livro o limite da centena e meia de poemas, de pretender dar uma certa unidade plural, na diversidade, evitando repetições desnecessárias.

 

Os poemas já antes publicados, excepto algum pequeno pormenor, aparecem aqui sem alterações.

 

Este livro contém menos de 5% dos poemas escritos pelo autor nestes dez ou onze anos (uns 3550, sendo mais de 3155 os já publicados em livros). Muitos não foi difícil escolhê-los pelo facto de, feita a pesquisa por palavras-chave, como vinho ou renascimento, eles se terem imposto naturalmente; já com outros, bastantes mais, o mesmo não aconteceu, tornando-se a escolha extremamente difícil, com avanços e recuos, a dúvida sempre permanecendo.

 

Este é o trigésimo terceiro livro de Poesia do autor, o primeiro escrito desta forma organizada em secções, sendo seu todo o trabalho de elaboração do livro, excepto o acto de o imprimir, à semelhança de quase todos os livros anteriores. Assim, são seus os defeitos; se méritos o livro tiver, serão dos caminhos pelo autor percorridos.

 

Por outro lado, este é o nono livro publicado em 2021, gostando o autor, no decorrer deste ano, de publicar ainda outros, assim organizados:

 

a) dois livros, em tercetos simétricos, relativos aos dois últimos trimestres de 2019; b) um livro com os poemas escritos em 2020, também em tercetos simétricos e ainda não publicados; c) um livro com os poemas anteriores a 2012 e ainda não publicados; d) quatro outros livros (talvez mais), temáticos, com selecção de poemas: um com referências  à sua origem nordestina, a pedra moldando o destino; outro relativo a Évora e ao Alentejo, terra de adopção; outro com poemas tocando temas científicos; e um quarto com poemas envolvendo algum simbolismo esotérico.

 

Seria, assim, no decorrer deste ano de 2021, como que uma simbólica comemoração dos setenta anos de vida do autor, ele que nunca comemorou festivamente o seu aniversário, depois de uma vida dedicada a fórmulas e a números, a computadores (hardware e software), ao ensino e à investigação, com traços nestas áreas reconhecidos nacional e internacionalmente, acrescentando-lhe agora este novo caminho, inesperado, tardego, da Poesia. Seria, assim, como que o assinalar de um outro olhar, no cimo de caminhos andados, olhando de longe, realçando o simples na complexidade e do ser a essência, de ser súmula e sumo, depois de uma centena de trabalhos científicos publicados, em português, francês e inglês, quer em Portugal, quer no estrangeiro.

 

José Rodrigues Dias, 4 de Setembro de 2021


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Jrd, 2021-09-29


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