Notas do Autor
Este
livro nasceu tão inesperado quão rápido. Foi de um e-mail, o endereço de
recepção não o da Universidade, divulgando o III Congresso Internacional
Língua, Literatura, Vinho e Território (os dois anteriores em La Rioja
(Espanha, 2018) e em Vercelli (Itália, 2019)), a realizar-se em Novembro de 2021, na Universidade de Évora, casa
minha feita desde a sua primeira aula, eu jovem docente nessa sua aula
primeira, que fora também a minha, de Matemática I, em 10 de Novembro de 1975,
há já tanto tempo, já lá tão longe…
Intrigado,
perguntei. Tinha escrito uns poemas, umas dezenas, à volta do vinho e dos seus
caminhos. J. Rodrigues Dias, matemático, meu
irmão gémeo, fez um resumo atrevido, quase louco. Questionando-me,
submeteu-o ao congresso. Nesse momento, independentemente da sua aceitação,
este livro tinha sido concebido.
Este o
livro nascido, um mês e meio de gestação, aproximadamente, condicionado e
livre, em tua mão, contigo, voando.
Pensado
como se uma viagem ao longo do tempo, em ciclos se abrindo e fechando,
renovando-se em renascimentos, feito o livro de histórias fazendo-se poemas de
palavras: da terra-mãe ao vinho, do bebei (incluindo o
simbolismo da fraternidade em transmutação), do ide, pelo sonho, ao inebriamento,
do vinagre, da vida e da morte, e da morte o renascimento,
simbólico e concreto, em novos rebentos de videira, fazendo-se de novos
cachos de uvas o vinho novo com suor na terra-mãe…
Neste
caminhar do livro, pelos cento e cinquenta poemas, um número redondo, mais do
que inicialmente previsto, o encontro com gente da literatura em poesia
e prosa, de Miguel Torga a José Saramago, de Manuel da Fonseca a Gabriel García
Márquez, do multifacetado Steve Jobs ao Papa Francisco, por territórios
em especial de Trás-os-Montes (Douro) e do Alentejo (onde o vinho é ser
nobre), terras-mãe do autor, de origem e de adopção. No caminhar, seguindo o
tempo cronológico em cada secção do livro, o encontro da palavra expressa em
formas diferentes, do poema em verso livre até ao terceto simétrico, rigoroso,
o segundo verso como eixo de uma simetria geométrica, visual, como expressão
mui trabalhada da palavra na língua, como se pedra burilada na
construção do poema. E assim se obtém, já desde o início de 2017, e já antes,
unindo as extremidades dos três versos, rimando muitas vezes o primeiro e o
terceiro, um triângulo isósceles, com todo o simbolismo que se lhe queira
atribuir.
No
título de cada poema aparece um índice que identifica o livro em que fora
primeiramente publicado, aparecendo a respectiva lista no fim do livro, excepto
se o poema é publicado pela primeira vez.
Neste
livro, há poemas escritos desde 2009 até 2021, inclusive, aparecendo alguns, os
primeiros nas respectivas secções, que, por não ter sido agora identificada,
não têm data. Por outro lado, há, pelo menos, um poema de cada um dos 32 livros
de Poesia até agora publicados, para além de três integrados em três
colectâneas em que o autor participara. Talvez assim se possa ver também como,
pelo menos do ponto de vista formal, a poesia do autor foi evoluindo no tempo.
Muitos
os poemas que, estando integrados numa secção, poderiam estar numa outra, até
em mais do que uma, pela afinidade que os une.
Nem
todos os poemas encontrados com videira, ou com vinho, por
exemplo, foram neste livro incluídos. Tal deveu-se ao facto, imposto ao livro o
limite da centena e meia de poemas, de pretender dar uma certa unidade plural,
na diversidade, evitando repetições desnecessárias.
Os
poemas já antes publicados, excepto algum pequeno pormenor, aparecem aqui sem
alterações.
Este
livro contém menos de 5% dos poemas escritos pelo autor nestes dez ou onze anos
(uns 3550, sendo mais de 3155 os já publicados em livros). Muitos não foi
difícil escolhê-los pelo facto de, feita a pesquisa por palavras-chave, como vinho
ou renascimento, eles se terem imposto naturalmente; já com outros, bastantes
mais, o mesmo não aconteceu, tornando-se a escolha extremamente difícil, com
avanços e recuos, a dúvida sempre permanecendo.
Este é
o trigésimo terceiro livro de Poesia do autor, o primeiro escrito desta forma
organizada em secções, sendo seu todo o trabalho de elaboração do livro,
excepto o acto de o imprimir, à semelhança de quase todos os livros anteriores.
Assim, são seus os defeitos; se méritos o livro tiver, serão dos caminhos pelo
autor percorridos.
Por outro lado, este é o nono livro publicado em 2021,
gostando o autor, no decorrer deste ano, de publicar ainda outros, assim
organizados:
a) dois livros, em tercetos simétricos, relativos aos dois
últimos trimestres de 2019; b) um livro com os poemas escritos em 2020, também
em tercetos simétricos e ainda não publicados; c) um livro com os poemas
anteriores a 2012 e ainda não publicados; d) quatro outros livros (talvez
mais), temáticos, com selecção de poemas: um com referências à sua origem nordestina, a pedra moldando o
destino; outro relativo a Évora e ao Alentejo, terra de adopção; outro com
poemas tocando temas científicos; e um quarto com poemas envolvendo algum
simbolismo esotérico.
Seria, assim, no decorrer deste ano de 2021, como que uma
simbólica comemoração dos setenta anos de vida do autor, ele que nunca
comemorou festivamente o seu aniversário, depois de uma vida dedicada a
fórmulas e a números, a computadores (hardware e software), ao
ensino e à investigação, com traços nestas áreas reconhecidos nacional e
internacionalmente, acrescentando-lhe agora este novo caminho, inesperado,
tardego, da Poesia. Seria, assim, como que o assinalar de um outro olhar, no
cimo de caminhos andados, olhando de longe, realçando o simples na complexidade
e do ser a essência, de ser súmula e sumo, depois de uma centena de trabalhos
científicos publicados, em português, francês e inglês, quer em Portugal, quer
no estrangeiro.
José Rodrigues Dias, 4 de Setembro de 2021
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Jrd, 2021-09-29
https://www.facebook.com/jose.rodriguesdias/
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