segunda-feira, 31 de maio de 2021

A passarada

 



Continuando a publicar um dos poemas escritos no dia em que se está, de outro ano, este de 2017. A foto é do ano passado.


Jrd, 2021-05-31


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domingo, 30 de maio de 2021

quarta-feira, 26 de maio de 2021

terça-feira, 25 de maio de 2021

segunda-feira, 24 de maio de 2021

domingo, 23 de maio de 2021

Ciência

 



Escrito, entre outros poemas, no dia 23 de Maio (este de 2013). A imagem é de um "paper" de 1990 (disponível na internet).


Jrd, 2021-05-23


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sexta-feira, 21 de maio de 2021

Estrofe de uma Professora

 



Um dos poemas escritos no dia 21 de Maio, este em 2013.


* * * 


Estrofe de uma Professora

 

  

No início era quase todo o verbo

por conhecer

e, então, eu em vós

e vós em mim,

juntos o fomos aprender…

 

Devagar, de mansinho,

sempre de mãos dadas a caminhar

na regra e na excepção,

soletrando a cantarolar

cada naco do verbo

e a contar cada pedacinho

e depois tudo somar

e multiplicar tudo por todos,

lembrando-nos depois que podíamos dividir

o verbo por nós já aprendido

pelas meninas e meninos como vós

com fome do verbo

no tempo de aprender

por não haver

quem o possa com eles

em escola partilhar…

 

Sorte a nossa

que o verbo desde o início o tivemos

e todos na escola nos tivemos,

 

sorte a nossa

na nossa escola

sem ter de andar de olhos vazios à esmola

de um pequeno naco de verbo

que aqui desde o início inteiro nós tivemos…

 

Mas se inteiro o verbo desde o início o tivemos

nem todo nós o pudemos

conjugar…

 

Devagar, de mansinho,

desde cada um de vós ainda rapazinho

(menina ou menino,

vós sabeis,

somos todos iguais),

a soletrar e a cantarolar

(que a nossa vida,

também sabeis,

deve ser alegria),

a cantarolar

cada cantiga do verbo

para inteiro o poder amar…

 

E cada tempo ser um verso

e todos juntos sermos um dia na Terra

em humana harmonia

o Poema!

 

Mas hoje, passado este tempo,

rápido foi o tempo…,

sois agora

a primeira estrofe

escrita

que juntos escrevemos

do Poema!

 

A primeira estrofe

que já em voo

de mim se liberta,

 

sim, mas que eu, de mim,

apesar desta minha enorme pena,

e feliz!, vos digo: voai, sim!

 

2013-05-21



in José Rodrigues Dias, Chão, da Terra ao Pão, 152 pp, 2017.


Jrd, 2021-05-21


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quinta-feira, 20 de maio de 2021

Ela e o cão

 



Um dos poemas escritos no dia 20 de Maio. A foto foi obtida no Funchal (a pintura de autor desconhecido).


Jrd, 2021-05-20


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quarta-feira, 19 de maio de 2021

Medo não teve Catarina

 



Entre outros poemas escritos no dia 19 de Maio, dia em que morreu Catarina Eufémia, este é de 2013.


Jrd, 2021-05-19



terça-feira, 18 de maio de 2021

segunda-feira, 17 de maio de 2021

Ramos secos e palavras novas

 



Escrito no dia 17 de Maio, entre outros, este em 2018, com dois tercetos simétricos. A foto com ramos floridos de oliveira.


Jrd, 2021-05-17


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quinta-feira, 13 de maio de 2021

Da importância das coisas

 



Dos vários poemas escritos no dia 13 de Maio, este terceto (simétrico) é de 2018. A foto é recente.


Jrd, 2021-05-13


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terça-feira, 11 de maio de 2021

segunda-feira, 10 de maio de 2021

Fios

 



Um dos poemas escritos no dia 10 de Maio, este em 2015, publicado no livro Fiat Lux (no ano da Luz).


Jrd, 2021-05-10


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domingo, 9 de maio de 2021

O mundo na minha escola primária

 

(Imagem da escola retirada da Net; quando a frequentei, havia apenas um piso, do lado esquerdo)


O mundo na minha escola primária

 

 

Eu gostava muito da porta da minha escola primária: era de cantaria e redonda em cima. Era uma escola só para meninos; havia outra escola só para meninas. Havia muitos meninos e muitas meninas. Alguns andavam descalços. Não havia electricidade na terra e não havia televisão. Telefone havia. Lembro-me do telefone número 4. Havia poucos rádios e eram grandes, da gente rica. Trabalhavam a pilhas. Quando acabavam as pilhas ficavam sem saber as horas certas. Mas as horas eram todas boas. Eram as horas dadas pelo Sol e pela Lua, quando não havia névoas. Quando havia, ou quando chovia muito, que Deus a dava, não fazia diferença. Um dia nascia depois de outro dia e o mesmo acontecia com as noites. Eram sempre alternados. Também havia as horas dadas pela barriga. Essas eram as horas piores, com fome.


Notícias quase não havia em Talhas, nem era preciso. Quando alguém morria tocava o sino. Tocava de maneira diferente consoante o morto era homem ou era mulher. Se o morto era de outra terra, a notícia lá chegava e logo se espalhava.


Era assim o mundo. O mundo estava todinho ali na minha escola, no saber da senhora professora e no mapa dependurado por um fio numa parede da sala de aula ao pé do quadro. Um dia calhou cair com o ponteiro a forçar o Mondego a passar pela terra dos doutores. “Meninos, poucos podem ser doutores, mas têm que estudar todos muito para serem homens”, dizia a senhora professora, nós todos em silêncio. Também lá estava na parede um retrato. Era dum governador, que a gente ali na terra não conhecia bem, que a gente não precisava. Bastava o senhor regedor. As festas eram sempre no verão, o Natal era a seguir à consoada e a Páscoa o senhor Padre dizia, logo a seguir ao Domingo de Ramos. Os ramos eram raminhos de oliveira e era em latim a missa aos domingos e nos dias-santos. Ao entrar na igreja, os homens tiravam o chapéu dos domingos e dias-santos. Benziam-se à entrada com a água benta da pia. As mulheres ficavam na parte de trás da igreja.

 

Água era a das fontes, que era fresca mas pouca no verão, e não se podia gastar muita água para lavar as casas para a festa. E também ficava longe e os cântaros pesavam nos quadris. As necessidades eram feitas na loja dos animais e no campo, tudo muito natural. Era bom o campo, com vinhas e oliveiras. As pitas andavam em liberdade na rua. Quando era o tempo, havia os figos, as alfaces, os pepinos, os feijões, etc. Foi a minha professora que me ensinou a usar o “etc.”. Ensinava-nos muita coisa a senhora professora. Também tinha uma régua. A mão era certinha. Erros ninguém tinha.


Gostei muito da minha escola e da minha professora. Ensinou-me a ler, a contar e a escrever. As contas e os problemas eram muito difíceis. E ensinou-me também a aprender. Tive sorte com a minha escola e com a minha professora. Por acaso eram duas professoras. Gostei das duas. Lembro-me delas.

 

Um dia quis ter uma escola igual à minha. Hoje vendem as escolas.

 

Hoje já não há meninos nem meninas, mesmo todos juntos a brincar juntinhos aos crescidinhos. Nem escolas. Há outras réguas. Também não há gente. Há lixo. Dizem que é da cidade. Tanto campo que havia! Ah, lembro-me também que a senhora professora dizia que havia uma província toda planinha que era o celeiro de Portugal, cheiinha de trigo. Mas dizia a senhora professora também que lá havia fome. Isso eu nunca entendi bem. Mas ela sabia.


Parece que agora quase tudinho mudou. Do Portugal do mapa só vejo um risco grosso junto ao mar. Sem barcos. Ou com outros barcos. Desapareceu quase todinho. Deve ser da minha vista já cansada. É assim a vida.


Só vejo uma coisa que se mantém: o mundo, esse, continua dependurado por um fio. Por outro fio. Cairá?


in José Rodrigues Dias, Braços Abraçados, 82 pp, 2010.


* * * 


Jrd, 2021-05-09



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sábado, 8 de maio de 2021

Elementos e lembranças de garoto

 


(Hoje, a propósito do Dia Internacional do Burro).


Elementos e lembranças de garoto

 

 

Quando eu era garoto, naquele tempo,

quando andava na escola primária

que era a primeira

onde se aprendiam as letras todas e muitas palavras

e os algarismos e os números, incluindo os romanos,

e as tabuadas decoradas e as contas certinhas

com que se resolviam os problemas difíceis

de áreas de terrenos e de volumes

e do custo das coisas

(apesar de por ali ser pouco o dinheiro que havia)

e se aprendia muita história e muita geografia

e muitas outras coisas

para além de muito passo da vida da gente 

pelo mundo dentro e fora

que muita gente dali nunca viveria

como nunca andaria de comboio

nem de longe olharia o mar,

mesmo que fosse com muito cuidado

(havia um Adamastor, dizia-se,

sem saber o que seria)

e menos esperança havia de algum dia

a gente agarrar o mar

(como seria o encanto do diabo

daquele malvado mar

que a uns homens matava

e a outros elevava a heróis,

faróis em ruas e praças de cidades

em acções de graças de outros homens?...),

 

naquele tempo, dizia eu,

garoto nordestino sem mar,

de uma terra em que o inverno vinha cedo

e sempre andava por ali olhando a gente

e cedo se acendia a lareira e a candeia de luz fraca

(sim, foi daí que veio o meu fascínio pela luz

docemente incendiado pela chama do pensamento)

e se ouvia ao lume a fala dos homens mais velhos,

sérios,

(e estou agora a lembrar-me

dos seus velhos sapatos molhados)

a falar de cartas de chamada para o Brasil

(creio que era chamada aquela palavra usada

mas não percebia quem de lá chamava),

e eu não sabia onde era o Brasil e o que lá haveria,

talvez fosse apenas um fim-do-mundo

ou talvez um paraíso sem pecado

porque não se ouvia que quem fosse

um dia depois de lá viesse

(foi para o Brasil…, era só o que se dizia

e era depois aquele silêncio que ficava,

os olhos baixos fitando o lume,

mexendo talvez nas brasas

para aquecer a alma que arrefecia…),


naquele tempo, dizia eu,

voltando à minha escola primária

de entrada de respeito em cantaria,

a primeira de todas onde a gente

se faz gente ou não se faz,

 

naquele tempo,

uma redacção à luz da candeia

que a senhora Professora pedia

sobre os elementos da vida

podia muito bem ser assim

em letra muito certinha,

sim,

como cedo se aprendia:

 

“Os elementos:

 

Os elementos essenciais (ou fundamentais) da nossa vida aqui são os seguintes: a terra, as vacas, o arado e os homens.

A terra é muito nossa amiga porque nos dá o pão e o resto, mas precisa de ser trabalhada e às vezes custa muito. Custa mais no Inverno e no Verão quando faz muito frio ou muito calor.

Há também os bois e os machos ou as mulas e também os burros. Burros há por aqui muitos. Os burros zurram muito!

Há também a charrua onde se põe a relha para lavrar a terra.

Ainda há o carro das vacas ou de outros animais para levar as coisas como, por exemplo, o trigo segado no Verão e a lenha para o lume no Inverno.

O céu às vezes está muito escuro e chove muito.

Há também trovoadas muito grandes. A gente tem medo e reza a Santa Bárbara. Eu tenho medo das trovoadas! Já tem morrido gente!

 

Quando não chove durante muito tempo, o senhor Padre e a gente toda fazem uma novena na aldeia. Lembro-me de uma.

Os homens levam merenda quando vão para o campo porque o trabalho dá fome e é preciso comer para não morrer.

À noite, quando os homens chegam, as mulheres já têm o caldo feito e a gente come depois de acomodar os animais que também precisam de comer.

Eu gosto muito da terra porque nos dá tudo o que a gente aqui precisa!”.

 

 

Nordestes que o mar

e a terra ligaram,

 

terra e mar,

gostos que ficaram,

 

nordestes,

que nos fizestes!...

 

2014-01-30


in José Rodrigues Dias, Poemas daquém e dalém-mar178 pp, 2016.

* * *

Jrd, 2021-05-08

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sexta-feira, 7 de maio de 2021

Ternura

 



Um dos vários poemas escritos no dia 7 de Maio, já publicados em livros, este escrito em 2017. A foto foi obtida na Gulbenkian. A obra é de Almada Negreiros.


Jrd, 2021-05-07


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quinta-feira, 6 de maio de 2021

Sentir a luz

 



Dos vários poemas escritos no dia 6 de Maio, este é de 2018, incluído no último livro publicado (recentemente, com os poemas do segundo trimestre de 2018, em tercetos simétricos). A foto é da Catedral de Veneza.


Jrd, 2021-05-06


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quarta-feira, 5 de maio de 2021

Uma manhã de sorrisos

 



Um dos poemas escritos no dia 5 de Maio, este em 2018, incluído no último livro publicado (recentemente, com os poemas do segundo trimestre de 2018, em tercetos simétricos). A foto é de hoje.


Jrd, 2021-05-05


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