Continuando a publicar um dos poemas escritos no dia em que se está, de outro ano, este de 2017. A foto é do ano passado.
Jrd, 2021-05-31
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(Traçados sobre nós - Traço: José Rodrigues Dias; Blog em remodelação)
Continuando a publicar um dos poemas escritos no dia em que se está, de outro ano, este de 2017. A foto é do ano passado.
Jrd, 2021-05-31
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Escrito num dia como o de hoje, 30 de Maio, em 2014; a foto é destes dias.
Jrd, 2021-05-30
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Escrito num dia como o de hoje, 28 de Maio, em 2018; a foto é de hoje.
Escrito num dia como o de hoje, em 2016; a foto de flores de romã deste anoitecer.
Entre outros, este em 2012, um dos poemas escritos no dia 24 de Maio.
Jrd, 2021-05-24
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Escrito, entre outros poemas, no dia 23 de Maio (este de 2013). A imagem é de um "paper" de 1990 (disponível na internet).
Jrd, 2021-05-23
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Escrito, entre outros poemas, no dia 22 de Maio.
Jrd, 2021-05-22
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Um dos poemas escritos no dia 21 de Maio, este em 2013.
* * *
Estrofe de uma Professora
No
início era quase todo o verbo
por
conhecer
e,
então, eu em vós
e
vós em mim,
juntos
o fomos aprender…
Devagar,
de mansinho,
sempre
de mãos dadas a caminhar
na
regra e na excepção,
soletrando
a cantarolar
cada
naco do verbo
e
a contar cada pedacinho
e
depois tudo somar
e
multiplicar tudo por todos,
lembrando-nos depois que podíamos dividir
o
verbo por nós já aprendido
pelas
meninas e meninos como vós
com
fome do verbo
no
tempo de aprender
por
não haver
quem
o possa com eles
em
escola partilhar…
Sorte
a nossa
que
o verbo desde o início o tivemos
e
todos na escola nos tivemos,
sorte
a nossa
na
nossa escola
sem
ter de andar de olhos vazios à esmola
de
um pequeno naco de verbo
que
aqui desde o início inteiro nós tivemos…
Mas
se inteiro o verbo desde o início o tivemos
nem
todo nós o pudemos
conjugar…
Devagar,
de mansinho,
desde
cada um de vós ainda rapazinho
(menina
ou menino,
vós
sabeis,
somos
todos iguais),
a
soletrar e a cantarolar
(que
a nossa vida,
também
sabeis,
deve
ser alegria),
a
cantarolar
cada
cantiga do verbo
para
inteiro o poder amar…
E
cada tempo ser um verso
e
todos juntos sermos um dia na Terra
em
humana harmonia
o
Poema!
Mas hoje, passado este tempo,
rápido
foi o tempo…,
sois
agora
a
primeira estrofe
escrita
que
juntos escrevemos
do
Poema!
A
primeira estrofe
que
já em voo
de
mim se liberta,
sim,
mas que eu, de mim,
apesar
desta minha enorme pena,
e
feliz!, vos digo: voai, sim!
2013-05-21
in José Rodrigues Dias, Chão, da Terra ao Pão, 152 pp, 2017.
Jrd, 2021-05-21
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Um dos poemas escritos no dia 20 de Maio. A foto foi obtida no Funchal (a pintura de autor desconhecido).
Jrd, 2021-05-20
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Entre outros poemas escritos no dia 19 de Maio, dia em que morreu Catarina Eufémia, este é de 2013.
Escrito no dia 17 de Maio, entre outros, este em 2018, com dois tercetos simétricos. A foto com ramos floridos de oliveira.
Jrd, 2021-05-17
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Escrito neste dia 16 de Maio, entre outros, este em 2014.
Jrd, 2021-05-16
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Escrito neste dia 15 de Maio, entre outros, este em 2013.
Jrd, 2021-05-15
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Um dos poemas deste dia 14 de Maio, este de 2018.
Jrd, 2021-05-14
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Dos vários poemas escritos no dia 13 de Maio, este terceto (simétrico) é de 2018. A foto é recente.
Jrd, 2021-05-13
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Um dos poemas escritos no dia 12 de Maio, este em 2017.
Jrd, 2021-05-12
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Caminho
Uma folha em branco
na superfície da água ondulada
com marcos gravados...
Jrd, 2021-05-11
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Um dos poemas escritos no dia 10 de Maio, este em 2015, publicado no livro Fiat Lux (no ano da Luz).
Jrd, 2021-05-10
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O mundo na minha escola primária
Eu gostava muito da porta da minha
escola primária: era de cantaria e redonda em cima. Era uma escola só para
meninos; havia outra escola só para meninas. Havia muitos meninos e muitas
meninas. Alguns andavam descalços. Não havia electricidade na terra e não havia
televisão. Telefone havia. Lembro-me do telefone número 4. Havia poucos rádios
e eram grandes, da gente rica. Trabalhavam a pilhas. Quando acabavam as pilhas
ficavam sem saber as horas certas. Mas as horas eram todas boas. Eram as horas
dadas pelo Sol e pela Lua, quando não havia névoas. Quando havia, ou quando
chovia muito, que Deus a dava, não fazia diferença. Um dia nascia depois de
outro dia e o mesmo acontecia com as noites. Eram sempre alternados. Também
havia as horas dadas pela barriga. Essas eram as horas piores, com fome.
Notícias quase não havia em Talhas, nem era preciso. Quando alguém morria tocava o sino. Tocava de maneira diferente consoante o morto era homem ou era mulher. Se o morto era de outra terra, a notícia lá chegava e logo se espalhava.
Era assim o mundo. O mundo estava
todinho ali na minha escola, no saber da senhora professora e no mapa
dependurado por um fio numa parede da sala de aula ao pé do quadro. Um dia
calhou cair com o ponteiro a forçar o Mondego a passar pela terra dos doutores.
“Meninos, poucos podem ser doutores, mas têm que estudar todos muito para serem
homens”, dizia a senhora professora, nós todos em silêncio. Também lá estava na
parede um retrato. Era dum governador, que a gente ali na terra não conhecia
bem, que a gente não precisava. Bastava o senhor regedor. As festas eram sempre
no verão, o Natal era a seguir à consoada e a Páscoa o senhor Padre dizia, logo
a seguir ao Domingo de Ramos. Os ramos eram raminhos de oliveira e era em latim
a missa aos domingos e nos dias-santos. Ao entrar na igreja, os homens tiravam
o chapéu dos domingos e dias-santos. Benziam-se à entrada com a água benta da
pia. As mulheres ficavam na parte de trás da igreja.
Água era a das fontes, que era fresca
mas pouca no verão, e não se podia gastar muita água para lavar as casas para a
festa. E também ficava longe e os cântaros pesavam nos quadris. As necessidades
eram feitas na loja dos animais e no campo, tudo muito natural. Era bom o
campo, com vinhas e oliveiras. As pitas andavam em liberdade na rua. Quando era
o tempo, havia os figos, as alfaces, os pepinos, os feijões, etc. Foi a minha
professora que me ensinou a usar o “etc.”. Ensinava-nos muita coisa a senhora
professora. Também tinha uma régua. A mão era certinha. Erros ninguém tinha.
Gostei muito da minha escola e da minha
professora. Ensinou-me a ler, a contar e a escrever. As contas e os problemas
eram muito difíceis. E ensinou-me também a aprender. Tive sorte com a minha
escola e com a minha professora. Por acaso eram duas professoras. Gostei das
duas. Lembro-me delas.
Um dia quis ter uma escola igual à
minha. Hoje vendem as escolas.
Hoje já não há meninos nem meninas,
mesmo todos juntos a brincar juntinhos aos crescidinhos. Nem escolas. Há outras
réguas. Também não há gente. Há lixo. Dizem que é da cidade. Tanto campo que
havia! Ah, lembro-me também que a senhora professora dizia que havia uma
província toda planinha que era o celeiro de Portugal, cheiinha de trigo. Mas
dizia a senhora professora também que lá havia fome. Isso eu nunca entendi bem.
Mas ela sabia.
Parece que agora quase tudinho mudou.
Do Portugal do mapa só vejo um risco grosso junto ao mar. Sem barcos. Ou com
outros barcos. Desapareceu quase todinho. Deve ser da minha vista já cansada. É
assim a vida.
Só vejo uma coisa que se mantém: o
mundo, esse, continua dependurado por um fio. Por outro fio. Cairá?
in José Rodrigues Dias, Braços Abraçados, 82 pp, 2010.
* * *
Jrd, 2021-05-09
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Elementos e lembranças de garoto
Quando
eu era garoto, naquele tempo,
quando
andava na escola primária
que
era a primeira
onde
se aprendiam as letras todas e muitas palavras
e
os algarismos e os números, incluindo os romanos,
e
as tabuadas decoradas e as contas certinhas
com
que se resolviam os problemas difíceis
de
áreas de terrenos e de volumes
e
do custo das coisas
(apesar
de por ali ser pouco o dinheiro que havia)
e
se aprendia muita história e muita geografia
e
muitas outras coisas
para
além de muito passo da vida da gente
pelo
mundo dentro e fora
que
muita gente dali nunca viveria
como
nunca andaria de comboio
nem
de longe olharia o mar,
mesmo
que fosse com muito cuidado
(havia
um Adamastor, dizia-se,
sem
saber o que seria)
e
menos esperança havia de algum dia
a
gente agarrar o mar
(como
seria o encanto do diabo
daquele
malvado mar
que
a uns homens matava
e
a outros elevava a heróis,
faróis
em ruas e praças de cidades
em
acções de graças de outros homens?...),
naquele
tempo, dizia eu,
garoto
nordestino sem mar,
de
uma terra em que o inverno vinha cedo
e
sempre andava por ali olhando a gente
e
cedo se acendia a lareira e a candeia de luz fraca
(sim,
foi daí que veio o meu fascínio pela luz
docemente
incendiado pela chama do pensamento)
e
se ouvia ao lume a fala dos homens mais velhos,
sérios,
(e
estou agora a lembrar-me
dos
seus velhos sapatos molhados)
a
falar de cartas de chamada para o Brasil
(creio
que era chamada aquela palavra usada
mas
não percebia quem de lá chamava),
e
eu não sabia onde era o Brasil e o que lá haveria,
talvez
fosse apenas um fim-do-mundo
ou
talvez um paraíso sem pecado
porque
não se ouvia que quem fosse
um
dia depois de lá viesse
(foi
para o Brasil…, era só o que se dizia
e
era depois aquele silêncio que ficava,
os
olhos baixos fitando o lume,
mexendo
talvez nas brasas
para
aquecer a alma que arrefecia…),
naquele
tempo, dizia eu,
voltando
à minha escola primária
de
entrada de respeito em cantaria,
a
primeira de todas onde a gente
se
faz gente ou não se faz,
naquele
tempo,
uma
redacção à luz da candeia
que
a senhora Professora pedia
sobre
os elementos da vida
podia
muito bem ser assim
em
letra muito certinha,
sim,
como
cedo se aprendia:
“Os elementos:
Os elementos essenciais (ou
fundamentais) da nossa vida aqui são os seguintes: a terra, as vacas, o arado e
os homens.
A terra é muito nossa amiga porque nos
dá o pão e o resto, mas precisa de ser trabalhada e às vezes custa muito. Custa
mais no Inverno e no Verão quando faz muito frio ou muito calor.
Há também os bois e os machos ou as
mulas e também os burros. Burros há por aqui muitos. Os burros zurram muito!
Há também a charrua onde se põe a relha
para lavrar a terra.
Ainda há o carro das vacas ou de outros
animais para levar as coisas como, por exemplo, o trigo segado no Verão e a
lenha para o lume no Inverno.
O céu às vezes está muito escuro e
chove muito.
Há também trovoadas muito grandes. A
gente tem medo e reza a Santa Bárbara. Eu tenho medo das trovoadas! Já tem
morrido gente!
Quando não chove durante muito tempo, o
senhor Padre e a gente toda fazem uma novena na aldeia. Lembro-me de uma.
Os homens levam merenda quando vão para
o campo porque o trabalho dá fome e é preciso comer para não morrer.
À noite, quando os homens chegam, as
mulheres já têm o caldo feito e a gente come depois de acomodar os animais que
também precisam de comer.
Eu gosto muito da terra porque nos dá
tudo o que a gente aqui precisa!”.
Nordestes
que o mar
e
a terra ligaram,
terra
e mar,
gostos
que ficaram,
nordestes,
que
nos fizestes!...
2014-01-30
Jrd, 2021-05-08
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Um dos vários poemas escritos no dia 7 de Maio, já publicados em livros, este escrito em 2017. A foto foi obtida na Gulbenkian. A obra é de Almada Negreiros.
Jrd, 2021-05-07
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Dos vários poemas escritos no dia 6 de Maio, este é de 2018, incluído no último livro publicado (recentemente, com os poemas do segundo trimestre de 2018, em tercetos simétricos). A foto é da Catedral de Veneza.
Jrd, 2021-05-06
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Um dos poemas escritos no dia 5 de Maio, este em 2018, incluído no último livro publicado (recentemente, com os poemas do segundo trimestre de 2018, em tercetos simétricos). A foto é de hoje.
Jrd, 2021-05-05
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