sexta-feira, 21 de maio de 2021

Estrofe de uma Professora

 



Um dos poemas escritos no dia 21 de Maio, este em 2013.


* * * 


Estrofe de uma Professora

 

  

No início era quase todo o verbo

por conhecer

e, então, eu em vós

e vós em mim,

juntos o fomos aprender…

 

Devagar, de mansinho,

sempre de mãos dadas a caminhar

na regra e na excepção,

soletrando a cantarolar

cada naco do verbo

e a contar cada pedacinho

e depois tudo somar

e multiplicar tudo por todos,

lembrando-nos depois que podíamos dividir

o verbo por nós já aprendido

pelas meninas e meninos como vós

com fome do verbo

no tempo de aprender

por não haver

quem o possa com eles

em escola partilhar…

 

Sorte a nossa

que o verbo desde o início o tivemos

e todos na escola nos tivemos,

 

sorte a nossa

na nossa escola

sem ter de andar de olhos vazios à esmola

de um pequeno naco de verbo

que aqui desde o início inteiro nós tivemos…

 

Mas se inteiro o verbo desde o início o tivemos

nem todo nós o pudemos

conjugar…

 

Devagar, de mansinho,

desde cada um de vós ainda rapazinho

(menina ou menino,

vós sabeis,

somos todos iguais),

a soletrar e a cantarolar

(que a nossa vida,

também sabeis,

deve ser alegria),

a cantarolar

cada cantiga do verbo

para inteiro o poder amar…

 

E cada tempo ser um verso

e todos juntos sermos um dia na Terra

em humana harmonia

o Poema!

 

Mas hoje, passado este tempo,

rápido foi o tempo…,

sois agora

a primeira estrofe

escrita

que juntos escrevemos

do Poema!

 

A primeira estrofe

que já em voo

de mim se liberta,

 

sim, mas que eu, de mim,

apesar desta minha enorme pena,

e feliz!, vos digo: voai, sim!

 

2013-05-21



in José Rodrigues Dias, Chão, da Terra ao Pão, 152 pp, 2017.


Jrd, 2021-05-21


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