Um dos poemas escritos no dia 21 de Maio, este em 2013.
* * *
Estrofe de uma Professora
No
início era quase todo o verbo
por
conhecer
e,
então, eu em vós
e
vós em mim,
juntos
o fomos aprender…
Devagar,
de mansinho,
sempre
de mãos dadas a caminhar
na
regra e na excepção,
soletrando
a cantarolar
cada
naco do verbo
e
a contar cada pedacinho
e
depois tudo somar
e
multiplicar tudo por todos,
lembrando-nos depois que podíamos dividir
o
verbo por nós já aprendido
pelas
meninas e meninos como vós
com
fome do verbo
no
tempo de aprender
por
não haver
quem
o possa com eles
em
escola partilhar…
Sorte
a nossa
que
o verbo desde o início o tivemos
e
todos na escola nos tivemos,
sorte
a nossa
na
nossa escola
sem
ter de andar de olhos vazios à esmola
de
um pequeno naco de verbo
que
aqui desde o início inteiro nós tivemos…
Mas
se inteiro o verbo desde o início o tivemos
nem
todo nós o pudemos
conjugar…
Devagar,
de mansinho,
desde
cada um de vós ainda rapazinho
(menina
ou menino,
vós
sabeis,
somos
todos iguais),
a
soletrar e a cantarolar
(que
a nossa vida,
também
sabeis,
deve
ser alegria),
a
cantarolar
cada
cantiga do verbo
para
inteiro o poder amar…
E
cada tempo ser um verso
e
todos juntos sermos um dia na Terra
em
humana harmonia
o
Poema!
Mas hoje, passado este tempo,
rápido
foi o tempo…,
sois
agora
a
primeira estrofe
escrita
que
juntos escrevemos
do
Poema!
A
primeira estrofe
que
já em voo
de
mim se liberta,
sim,
mas que eu, de mim,
apesar
desta minha enorme pena,
e
feliz!, vos digo: voai, sim!
2013-05-21
in José Rodrigues Dias, Chão, da Terra ao Pão, 152 pp, 2017.
Jrd, 2021-05-21
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