terça-feira, 30 de junho de 2020

O Livro dois do Diário Poético (2012 - 2016)




Notas do Autor


O segundo volume, este Livro dois, do Diário Poético que o autor decidiu publicar, por semestres,  contemplando o período de 2012 a 2016, inclusive, num total de dez volumes.

O Livro um, publicado em 2018, é constituído por um conjunto de 154 poemas, sendo o décimo livro de Poesia do autor.

Este Livro dois é composto por 156 poemas, um número praticamente igual ao do Livro um, apresentados também por ordem cronológica.

Entre estes dois primeiros volumes deste Diário Poético (2012-2016), foram publicados sete outros livros, uns de índole diarística, iniciando séries, outros organizados por temas. Assim, por publicar, muitos outros livros.

Neste volume, como no anterior, há poemas que já haviam sido publicados em outros livros. Deles se dá conta através de um índice referenciando a respectiva obra onde primeiro viram a luz.

O contexto deste Livro dois é de um tempo difícil, de crise política e económica graves, quer a nível nacional, quer internacional. Muitos poemas disso dão conta.

Curiosamente, é publicado num tempo também deveras crítico, num contexto de pandemia avassaladora, por via do Covid-19. O último poema (Outro futuro), que o autor decidiu colocar na contracapa, poderia ser pensado e escrito, em termos genéricos, nos dias de hoje.

Muitos dos poemas, aqui revistos, foram sendo publicados no blog de Poesia do autor Traçados sobre nós, iniciado em 10 de Novembro de 2011.

Os poemas que já haviam aparecido em outros livros não foram aqui modificados (salvo, eventualmente, algum pequeno pormenor).

Tal como em todos os outros livros publicados, exceptuando os dois primeiros, de 2010 e de 2011, é do autor todo o trabalho, excepto o acto de impressão. Assim, todas as falhas são da sua responsabilidade. Se algum mérito houver, é fruto da vida, dos caminhos pelo autor percorridos. Juiz, o Leitor o dirá.

Este Livro dois é o quarto livro publicado em 2020. Gostaria o autor de publicar bastantes mais, fruto da sua escrita diarística, estando já globalmente organizados.

Seria, neste ano de 2020, como que uma simbólica comemoração dos dez anos de actividade literária publicada, o primeiro livro de 2010, depois de uma vida dedicada a fórmulas e números, a computadores (hardware e software), ao ensino e à investigação, com traços nestas áreas reconhecidos nacional e internacionalmente.


José Rodrigues Dias, 2020-06-14


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Jrd, 2020-06-30

segunda-feira, 29 de junho de 2020

Pôr-do-sol




Pôr-do-sol


Se o Sol fosse a medida de todas as coisas,
Como um ser nada seria o homem na praia em pôr-do-sol…
Como o Sol diria que a mulher seria igual ao homem
E igual seria a criança brincando na praia aos relógios de Sol…
Se o Sol os três diferentes olhasse, como ele assim escolheria
A criança brincando pura ao Sol sem o pensar em sombra…

Mas não!
O homem diz-se a medida de todas as coisas…
Das coisas que são, enquanto são,
Das coisas que não são, enquanto não são…

E há homens, pequeninos homens, inebriados que estão
Por um simples raiar dourado efémero do Sol,
Que pensam que são uma medida maior
Que a medida dos outros homens…
Oh Sol, que pequeninos homens que eles são
Assim em ser nada ao te ver assim neste pôr-do-sol…


 J. Rodrigues Dias


in Poiesis, Ed. Minerva, 2010.

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Jrd, 2020-06-29

domingo, 28 de junho de 2020

Contracapa do novo livro (em fase de impressão)




Contracapa do novo livro (em fase de impressão).

Qual será o título?

Olhando a margem esquerda do blog, talvez seja fácil...


Jrd, 2010-06-28

sexta-feira, 26 de junho de 2020

Mudar a pensar




Mudar a pensar


  
Quanto caminho tens por certo a percorrer!
Quanto caminho tens para cair e te erguer,
Podendo tal tanto não te acontecer
Se tal fosse o teu querer bem querer!

Quantos, sentidos fortes como tu, contigo, não serão
Os que, como tu caindo, convencidos no caminho,
Caindo, nunca mais talvez se levantarão,
Porque não sabendo ainda como o fazer poderão!

É que, sabes, digo-to eu agora, divertido mas preocupado,
Olhos fixos nos olhos e olhos no passado,
Grande pode ser o ser físico do teu presente pujante te parecer;
Mas, medita e acredita mesmo, pequeno poderá ainda ser
O saber do teu inebriado jovem ser, talvez pelo vão poder,
Porque tempo não pudeste ainda ter para mais ter!
Muito poderás ainda ter que ver,
Calado, ouvindo no silêncio, a pensar,
A interrogar-te, a duvidar,
A pensar muito e a muito aprender,
Ouvindo o silêncio a ensinar-te a conhecer,
E a conhecer-te, a apreender!

Mais tarde, depois, no iniciar da tarde de um certo dia,
No teu justo e chegado dia, se chegar, se ele te chegar...,
Saberás o que bem fazer em cada novo dia!
Não o fazer de força física feito,
Que depressa, vais ver, ficará desfeito,
Mas o fazer de saber amadurecido em cada dia!

Lembra-te, se isso aprendeste e já esqueceste,
Ou (ainda) não viveste,
Do velho Ancião, imponente, talvez já doente,
Talvez tua Mãe, teu Pai talvez,
No seu lugar, que ninguém ousa sequer pensar ocupar,
Ausente e presente, a tribo à volta do fogo ardendo,
Calado, respeitado, observando, ouvindo, respeitando,
Mas, por fim, Sábio, ponderando e justo decidindo,
Com a luz do fogo iluminado, iluminando!

Sábio, Ancião,
O jovem caído levantando,
Com ternura aconselhando,
Talvez tu, se olhares,
O Futuro olhando!

Talvez tu, tu,
Com amargura,
Com doçura!

Talvez tu!


in José Rodrigues Dias, Braços Abraçados, 82 pp, 2010.



Jrd, 2020-06-26

quinta-feira, 25 de junho de 2020

Este meu tempo de poemas




Este meu tempo de poemas


Tarde chegando
este meu tempo de poemas,
depressa se indo...

Palavras vindo
de caminhos feitos, reflectidos,
o supérfluo ido...

Do difícil feito 
uma palavra simples,
como ensinara...

E a pergunta:
o poema, a magia que flutua,
como se cose?...

2017-06-25

in  José Rodrigues Dias, Poemas em tercetos simétricos, diarísticos, Livro II (Abril a Junho, 2017), 144 pp, 2018.

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Jrd, 2020-06-25

quarta-feira, 24 de junho de 2020

Vai, faz o caminho





Vai, faz o caminho


Não se ouve daqui o mar,
apenas silêncio, suave, maturado,
para um sonho se embalar...

Um sonho meio adormecido,
ondulado, mil vezes questionado,
indo e vindo, um ser dividido...

Levanta-te e anda,
disse-lhe uma voz de Mestre,
vai, faz o caminho...

Se te perderes,
se um golpe te abater,
sabes do início...

2017-06-24

* * * 


in  José Rodrigues Dias, Poemas em tercetos simétricos, diarísticos, Livro II (Abril a Junho, 2017), 144 pp, 2018.

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Jrd, 2020-06-24

terça-feira, 23 de junho de 2020

Luz, luzes


Jornal Diário do Sul, 2020-06-15.
Muito obrigado pela gentileza.


Luz, luzes


In José Rodrigues Dias, Poemas nas ondas dos dias, I (2019, Janeiro a Março), 162 pp, 2019.


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Jrd, 2020-06-23

segunda-feira, 22 de junho de 2020

Ela, a morte




Ela, a morte


Ela vem…

De qualquer lado ela vem,
sempre ela
um dia
o instante de cada um ela tem…

Foi o diabo
um dia
quando Saramago disse
que ela já não vinha,
interrogando-se os homens 
impacientes
sobre o pesado pecado
e o mal que a gente tinha,
já penitentes… 

Ela vem…

Inesperada
quando nos dizem
senta-te aí um bocadinho
Ou se quase desejada
quando nos dizem
olha, já descansou

Neste dia
veio nuns acordes tristes
dissonantes
de uma negra fotografia
por tirar
de um mar…

2012-05-11



in José Rodrigues Dias, Diário Poético (2012 - 2016), Livro um, 1/10 (Janeiro a Junho de 2012), 280 pp, 2018.


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Jrd, 2020-06-22

domingo, 21 de junho de 2020

Solstício de Verão





Solstício de Verão


Dias há
em que o dia decresce
e fica pequenino, pequenino,
tão grande a noite e escura,
demorada a manhã,
longa a espera
do amanhã,
de um amanhã…

Outros dias há
em que o dia cresce, cresce,
e cada dia cresce
ainda mais
e mais…,
encosta acima,
mais arriba ainda,
o suor pingando,
pingando mais
e mais,

em voltas e voltas
a Terra e o Sol,

companheira por ali a Lua
ainda que esquiva
por vezes…

E nós…

Num desses dias,
o cimo da montanha,
o máximo,
o topo,
a Luz plena!…

Hoje,
o topo
dos dias!

E nós?…

2012-06-21


in José Rodrigues Dias, Diário Poético (2012 - 2016), Livro um, 1/10 (Janeiro a Junho de 2012), 280 pp, 2018.


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Jrd, 2020-06-21

sábado, 20 de junho de 2020

Leva o poeta palavras





Leva o poeta palavras


Leva o poeta palavras para o jardim
como farnel de que se alimenta.
Mastiga-as, sente-lhe o sabor, digere-as
e em perfume solta-as na aragem
que companheira por ali passa
e para longe em louvor as leva…
Deita migalhas aos pássaros
que em chilrear as cantam
e encantam quem por ali se queda…

2012-03-27


in José Rodrigues Dias, Diário Poético (2012 - 2016), Livro um, 1/10 (Janeiro a Junho de 2012), 280 pp, 2018.


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Jrd, 2020-06-20

sexta-feira, 19 de junho de 2020

Évora, o início do ágape




Évora, o início do ágape


É a luz suave dos fins de tarde
equinociais
quando o dia já se recolhe
e a Lua feminina em seu manto volta
e doce dos medos nos cobre
que o teu recorte
fino de cidade
melhor do meu sítio a norte se descobre
na tua cúpula sóbria do tempo
e harmoniosa
com o templo da deusa Diana
e a catedral de Santa Maria olhando o oriente
e a enorme planície mosaica já em recolhimento
talvez em cansaço e fome 
a teus pés…

É a luz assim serena
que anuncia em passos silenciosos
o início do ágape
da paz
em cada templo!

2013-09-16



in José Rodrigues Dias, Emanações do silêncio, 278 pp, 2019.


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Jrd, 2020-06-19

quinta-feira, 18 de junho de 2020

Saramago


José Saramago
(Poema escrito no dia da sua morte, 2010-06-18)


Saramago



No dia seguinte ninguém morreu, disseste,
Livro abrindo;
Morte em intermitência…
Hoje, disseram que morreste,
Notícias abrindo;
Morte em permanência…

Agora, José, que morreste,
(Morreste?)
Que outro mar passaste,
Como que a caminho de outra Lanzarote,
Diz, José, há vida em morte
Como há morte em vida sem sorte?
Ou sem norte?
Há intermitências de vida em morte?
Há dor e amor?
Há Criador?

Morto vivo, renasceste depois de morto.
Hoje, morto?
Morto, manter-te-ás vivo, morto!


J. Rodrigues Dias

in Poiesis, Antologia de Poesia e Prosa Poética Portuguesa Contemporânea, Vol. XIX,  Editorial Minerva, 2010. 


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Jrd, 2020-06-18

quarta-feira, 17 de junho de 2020

O menino e o mar



O menino e o mar


Menino pequeno
crescido
a olhar longe
sentado
sobre o mar,
o que vês?
O que de lá vem,
o que para lá vai que tu vês
que assim te põe a pensar
como se já fosses um sábio
sobre o tempo debruçado,
menino,
que antevês?

Irás um dia tu?
Voltarás?
Encontrarás pedras no caminho das viagens?
Guardá-las-ás como o Poeta
para o seu castelo de imagens
de quase odisseia?

E a luz,
como é a luz que vês?
Como a água
pura
que o novo cria
ou
outro recria?

2013-10-10

In José Rodrigues Dias, Poemas daquém e dalém-mar,
178 pp, 2016.


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Jrd, 2020-06-17

terça-feira, 16 de junho de 2020

Estrofe de uma Professora




Estrofe de uma Professora

  
No início era quase todo o verbo
por conhecer
e, então, eu em vós
e vós em mim,
juntos o fomos aprender…

Devagar, de mansinho,
sempre de mãos dadas a caminhar
na regra e na excepção,
soletrando a cantarolar
cada naco do verbo
e a contar cada pedacinho
e depois tudo somar
e multiplicar tudo por todos,
  
lembrando-nos depois que podíamos dividir
o verbo por nós já aprendido
pelas meninas e meninos como vós
com fome do verbo
no tempo de aprender
por não haver
quem o possa com eles
em escola partilhar…

Sorte a nossa
que o verbo desde o início o tivemos
e todos na escola nos tivemos,

sorte a nossa
na nossa escola
sem ter de andar de olhos vazios à esmola
de um pequeno naco de verbo
que aqui desde o início inteiro nós tivemos…

Mas se inteiro o verbo desde o início o tivemos
nem todo nós o pudemos
conjugar…

Devagar, de mansinho,
desde cada um de vós ainda rapazinho
(menina ou menino,
vós sabeis,
somos todos iguais),
a soletrar e a cantarolar
(que a nossa vida,
também sabeis,
deve ser alegria),
a cantarolar
cada cantiga do verbo
para inteiro o poder amar…

E cada tempo ser um verso
e todos juntos sermos um dia na Terra
em humana harmonia
o Poema!

Mas hoje, passado este tempo,
rápido foi o tempo…,
sois agora
a primeira estrofe
escrita
que juntos escrevemos
do Poema!

A primeira estrofe
que já em voo
de mim se liberta,

sim, mas que eu, de mim,
apesar desta minha enorme pena,
e feliz!, vos digo: voai, sim!

2013-05-21

in José Rodrigues Dias, Chão, da Terra ao Pão, 152 pp, 2017.


* * *   


José Rodrigues Dias, 2020-06-16