José Saramago
(Poema escrito no dia da sua morte, 2010-06-18)
Saramago
No dia seguinte ninguém morreu, disseste,
Livro abrindo;
Morte em intermitência…
Hoje, disseram que morreste,
Notícias abrindo;
Morte em permanência…
Agora, José, que morreste,
(Morreste?)
Que outro mar passaste,
Como que a caminho de outra Lanzarote,
Diz, José, há vida em morte
Como há morte em vida sem sorte?
Ou sem norte?
Há intermitências de vida em morte?
Há dor e amor?
Há Criador?
Morto vivo, renasceste depois de morto.
Hoje, morto?
Morto, manter-te-ás vivo, morto!
J. Rodrigues Dias
in Poiesis, Antologia de Poesia e Prosa Poética Portuguesa Contemporânea, Vol. XIX, Editorial Minerva, 2010.
* * *
Jrd, 2020-06-18
Tens razão, poeta
ResponderEliminarHá vivos, que o estando
a ninguém desperta
Há mortos, que o estando
nesse estado
nos vão despertando
É isso, Rogério.
EliminarObrigado.
Abraço.