sexta-feira, 26 de junho de 2020

Mudar a pensar




Mudar a pensar


  
Quanto caminho tens por certo a percorrer!
Quanto caminho tens para cair e te erguer,
Podendo tal tanto não te acontecer
Se tal fosse o teu querer bem querer!

Quantos, sentidos fortes como tu, contigo, não serão
Os que, como tu caindo, convencidos no caminho,
Caindo, nunca mais talvez se levantarão,
Porque não sabendo ainda como o fazer poderão!

É que, sabes, digo-to eu agora, divertido mas preocupado,
Olhos fixos nos olhos e olhos no passado,
Grande pode ser o ser físico do teu presente pujante te parecer;
Mas, medita e acredita mesmo, pequeno poderá ainda ser
O saber do teu inebriado jovem ser, talvez pelo vão poder,
Porque tempo não pudeste ainda ter para mais ter!
Muito poderás ainda ter que ver,
Calado, ouvindo no silêncio, a pensar,
A interrogar-te, a duvidar,
A pensar muito e a muito aprender,
Ouvindo o silêncio a ensinar-te a conhecer,
E a conhecer-te, a apreender!

Mais tarde, depois, no iniciar da tarde de um certo dia,
No teu justo e chegado dia, se chegar, se ele te chegar...,
Saberás o que bem fazer em cada novo dia!
Não o fazer de força física feito,
Que depressa, vais ver, ficará desfeito,
Mas o fazer de saber amadurecido em cada dia!

Lembra-te, se isso aprendeste e já esqueceste,
Ou (ainda) não viveste,
Do velho Ancião, imponente, talvez já doente,
Talvez tua Mãe, teu Pai talvez,
No seu lugar, que ninguém ousa sequer pensar ocupar,
Ausente e presente, a tribo à volta do fogo ardendo,
Calado, respeitado, observando, ouvindo, respeitando,
Mas, por fim, Sábio, ponderando e justo decidindo,
Com a luz do fogo iluminado, iluminando!

Sábio, Ancião,
O jovem caído levantando,
Com ternura aconselhando,
Talvez tu, se olhares,
O Futuro olhando!

Talvez tu, tu,
Com amargura,
Com doçura!

Talvez tu!


in José Rodrigues Dias, Braços Abraçados, 82 pp, 2010.



Jrd, 2020-06-26

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