O rio, o homem e o mar
Entre raízes nasce um rio
e nasce um homem,
de raízes…
Entre dedos escorrem
e ao caminho de pedras se fazem
e no caminho o traçado refazem
e enchendo o peito
olham o leito…
E das margens crescem
e nas margens
se nasce e se cresce…
Enchem-se de orgulho!
Depois, maiores o rio e o homem,
mais eles saltam e mais correm
e mais endurecem
e em certos dias loucos mais se
enfurecem
e livres pensam no poder que são
e no que terão
e farão…
Por caminhos antes traçados
largos aí vão
(mal eles sabem que gastos de
outros já estarão…)
e descobrem outros mundos…
Fazem festas afogueadas,
cantam nas pedras sobre que
passam
e continuam inebriados…
Depois, um dia,
muitos dias decerto depois,
primeiro quase sem se
aperceberem,
depois como em choque de morte,
sente cada um, cada um, que já
não corre
e, depois,
que já nem quase se move…
Sentados, ambos,
ou talvez mesmo deitados,
olham o mar enorme
que os engole,
parados,
enquanto um veleiro se move…
2012-01-27
in José Rodrigues Dias, Diário Poético (2012 - 2016), Livro um, 1/10 (Janeiro a Junho de 2012), 280 pp, 2018.
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Jrd, 2020-06-10
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