SNS, o teu poema perfeito
(Pequena homenagem a António Arnaut,
obreiro do Serviço Nacional de Saúde, 35 anos depois)
Teu o poema perfeito
(em tempo: digo quase perfeito
por no tempo se ter retrocedido,
tu triste, magoado, ofendido,
o poema a sentir-se desfeito…),
o poema a sentir-se desfeito…),
de ti, luz de vela, o sonho nascido
a régua e a esquadro,
aberto, bem aberto, o compasso,
todos à ordem,
o horizonte largo,
poema verso a verso burilado
em cada letra soletrada em nova palavra
em chão matizado em lavra
de solidariedade,
cada homem um irmão,
qualquer o seu género e a idade,
braços abraçados,
mão na mão,
braços abraçados,
mão na mão,
eis, mundo inteiro,
o poema,
o poema,
eis a saúde
feita aqui universal
e do homem um direito,
ei-la,
a saúde!
A saúde,
ei-la
em liberdade!
E, assim, Homem,
teu o poema justo e perfeito
na luz iniciado,
a constituição
livro primeiro sagrado!
De ti, poeta e obreiro de oriente,
o poema perfeito
(pelo tempo feito imperfeito)
no peito da gente,
o teu poema decerto preferido
verso a verso construído,
em cada verso um nome,
o nome de cada homem nascido,
não importando
quem é,
a quem pertence o sobrenome,
de que gente é o homem
que ali está dorido
como outro qualquer nascido,
apenas se indagando
com o coração
e as ferramentas na mão,
auscultando...
Senhor, onde lhe dói,
onde começou, quando, como foi,
onde é a sua dor?
Senhor doutor, mas quanto será?
Será o que for,
senhor,
não importa o que custará,
será o que tiver que ser,
vamos é ver
essa dor
e outra dor precaver...
Senhor,
vamos lá ver
essa dor…
José Rodrigues Dias, 2014-09-15
Sem comentários:
Enviar um comentário