domingo, 17 de julho de 2022

Da beleza e do desafio do sonho (Do tempo, do movimento e da vida)

 



Votos de uma óptima semana e de boas férias para quem as tiver!

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Este o Poema/texto que ontem tentei colocar no Facebook mas que, por razão desconhecida, não consegui.

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Da beleza e do desafio do sonho

(Do tempo, do movimento e da vida)


Estás à entrada de ti, talvez à saída. 

Logo ali, uma porta, a rua, o caminho. Um instante efémero, um sonho num instante florido num canteiro, a duração de um infinitamente pequeno, vindo, logo se indo. 

Olhas, um primeiro passo, metade do caminho. Depois, outro passo, metade do caminho restante. Outro passo, metade da metade restante. Outra e outra metade, a sucessão, sucessivamente, de infinitamente pequenos, cada vez mais pequenos. 

Lembras-te, então, do Zenão de Eleia, da impossibilidade do movimento. 

Sentes, eventualmente, o teu destino não atingido, o sonho não feito ramo de louro!

Ainda uma outra meia distância do caminho restante, depois outra, o caminho feito de passos infinitamente pequenos, sucessivamente, lá longe o destino, ainda lá longe, sem fim os sucessivos passos.

Ai!, aquele Zenão da Filosofia dos paradoxos.

Entretanto, sem movimento, onde o tempo, o "entre", o "antes" e o "depois", o sonho feito ramo de louro?

Sem tempo, sem movimento, onde o nascimento de Jesus, a morte de Cristo, a partilha do pão e do vinho, o vinagre, o urdir  e o desurdir de Penélope, onde o renascimento de Fénix?

E onde umas gotas de água com que dás de beber a uma flor pura, ao calor, sedenta?

E onde o sorriso de um neto?

E eis que estás ali, à saída de ti, a rua ali, olhando a beleza do sonho, o arrojo de um Infante, o chamamento dos mares, o movimento de um povo.

E eis que, entretanto, te lembras tu também da Matemática do concreto, da soma de uma série, do caminho todo, integral.

À saída de ti, a rua ali, olhando, perguntas-te, interrogando-te: vou ou fico?

Vamos ou ficas, pergunto eu?


Jrd, 2022-07-16/17


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