(A propósito do Dia Mundial do Professor)
Critica
Critica
Não, não escrevi no título “Crítica”, o que sempre gosto de fazer, olhos
nos olhos, letras certas no sujeito, que assim mo ensinou o Mestre que mais
recordo e mais a vida me marcou: o de Filosofia. Ele formava, ensinando a
perguntar sempre. Por quê? Ou porquê? Sempre perguntando! Era um Mestre. Então
adolescente, nunca lhe disse isto. Seria um atrevimento para um aprendiz. Hoje,
já ontem, gostaria muito que isto ele soubesse, onde quer que esteja, talvez
recreando-se depois do trabalho justo e perfeito.
Assim esse Mestre me formou e assim me formei.
Talvez por isso, curiosamente, optei pela objectividade dos circuitos e dos
números. Ou melhor, pela crítica da objectividade do quantitativo. Aí, apareceu
o talvez, em mistura do indefinível e do subjectivo! O provável! Aqui, a
relatividade das palavras e da sua posição, da sua paragem e da sua
continuação. Ontem, a explosão feita da incerteza da posição! Einstein, 1905.
Hoje, a inclusão e a exclusão. O preto e o branco. A síntese. Aqui, agora, as
leis que temos. Em todo o lado, e já ontem, as leis como as temos. As leis que,
aqui incertas, não legislam certo.
Quando, pela primeira vez, olho um aprendiz, aprendiz como eu, que nem
sempre há muitos, que quase todos somos logo mestres, digo-lhe: critica! Quando
penso que seja a última vez, repito-lhe: critica!
A crítica séria não é pão hoje. Mas amanhã só haverá pão se hoje houver
crítica. Sério, critica, então. Teremos amanhã pão!
Sabes, o rei vai nu! Mesmo nu, não te parece?
José Rodrigues Dias, Traçados Sobre Nós, Chiado Editora, 2011.
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