Um dos poemas escritos no dia 16 de Abril, este em 2014, em livro de 2020.
Límpida
a palavra
Não
o vi, era hoje ainda cedo
(e,
mesmo que não fosse,
o
meu relógio está desde ontem parado,
creio
que é da pilha gasta,
só
pode ser, do mal o menos…,
parece
que tudo se gasta mais neste tempo
a
tanta gente que por aí conheço…),
mas
sei com a certeza de Galileo Galilei
(apesar
de ele ter abjurado diante daquele tribunal
daqueles
senhores e daquelas fogueiras,
como
nós, por vezes,
quando
o medo nos prende dentro de nós
agarrados
a um fio de vida que ainda nos corre…)
que
o Sol chegou à hora certa
à
minha porta
(pouco
agora aqui importa quem chegou,
se
o Sol que andou
se
a Terra que chegou à hora certa
ali
mesmo à minha porta…)
e
o meu pássaro
cantou
por entre os ramos e as folhas verdes
das
árvores e das heras dos quintais
numa
voz limpidíssima
sem
uma sombra só de sotaque estranho
de
outras terras
que
o tivessem aprisionado
(de
tanto gostar dele digo que o pássaro é meu
mas
eu sei que ele é nosso,
é
de todos
por
ele voar
e
para todos nós ele cantar…)
porque o meu pássaro canta
de
ser livre como eu gostaria
que
livre fosse um país
e
límpida a palavra
que
se cantasse
em
poemas
ao
Sol
na
Terra
solidária
que
livre girasse…
2014-04-16
in José Rodrigues Dias, Diário Poético (2012-2016), Livro cinco, 5/10 (Janeiro a Junho de 2014), 264 pp, 2020.
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Jrd, 2021-04-16
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