sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

Da luz de cada fotografia

 



Da luz de cada fotografia

 

 

Cada fotografia,

uma página  aberta do  livro da vida

que em nós se inscreve pela tardinha

como melodia...

 

Livro de autor

que sendo de todos

é de cada leitor...

 

Livro lido de mil, mil e uma..., maneiras

a mando de um coração, dúbia a razão,

dum momento, calor da luz em difusão,

e um olhar leve ou pesado das canseiras...

 

E tu sabes, aberta ao acaso cada página

ou, então, no contexto, na certa posição

lembrando ali ou não uma outra página...

 

Talvez ali esteja um menino

olhando longe o mar da vida, grande,

ali já sonhando, e pequenino...

 

Talvez ali tu, ainda menino,

sem ter o mar (o mar, tão longe, o que seria?...),

ou talvez tu, aí, pequenino,

 

a sondar, perscrutando, o mundo,

o relegere, o religare,

tudo ali simples mas tão profundo...

 

Eis a força de um  braço na partida

ou o Sol a pôr-se na jangada

regressando cada Ulisses

de longa e concreta jornada,

por cada Penélope uma teia urdida...

 

Da luz de cada fotografia

uma página de uma viagem

que como teia se escrevia...

 

2016-01-21


* * * 


Um de diversos poemas escritos no dia 21 de Janeiro, este de 2016, em livro do mesmo ano. A foto é de inícios de 2022.


Jrd, 2022-01-21


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