sexta-feira, 17 de abril de 2015

Pôr-do-sol



Pôr-do-sol


Se o Sol fosse a medida de todas as coisas,
Como um ser nada seria o homem na praia em pôr-do-sol…
Como o Sol diria que a mulher seria igual ao homem
E igual seria a criança brincando na praia aos relógios de Sol…
Se o Sol os três diferentes olhasse, como ele assim escolheria
A criança brincando pura ao Sol sem o pensar em sombra…

Mas não!
O homem diz-se a medida de todas as coisas…
Das coisas que são, enquanto são,
Das coisas que não são, enquanto não são…

E há homens, pequeninos homens, inebriados que estão
Por um simples raiar dourado efémero do Sol,
Que pensam que são uma medida maior
Que a medida dos outros homens…
Oh Sol, que pequeninos homens que eles são
Assim em ser nada ao te ver assim neste pôr-do-sol…


José Rodrigues Dias, Poiesis, Antologia de Poesia e Prosa Poética Contemporânea, vol. XIX, Editorial Minerva, 2010.

1 comentário:

  1. O homem perde tamanho todos os dias rendido ao apelo do supérfluo.

    Bj.

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