Primeiro livro de Poesia (2010). |
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Deixaste o
campo abandonado,
Onde bebeste do
cálice da Vida
E comeste do
Pão com amor semeado.
Deixaste a Luz
do Sol, das estrelas, da Lua,
Com seus
naturais encantos e mistérios
Em dias
límpidos e noites de sonhos livres
Sem imaginar
viver um dia sem o ar da liberdade.
Foste. Livre ou
obrigado, foste!
Encontraste-te
em cidade sem identidade, perdido,
Em cidade sem
sítio onde começa nem acaba.
Procuraste,
atarantado, o norte
que não descortinaste.
No que te
parecia ser o raiar de um novo dia,
Sem saberes por
vezes se sonhavas ou deliravas,
Procuraste o
nascer do Sol que não encontraste.
Cansado,
prostrado, suado, ao fim de cada duro
e longo dia,
Procuraste o
pôr-do-sol que antes, tranquilo, tanto
admiraste!
Agora,
enraivecido, em nenhum dia o pôr-do-sol
acontecia.
Aquele
pôr-do-sol, com que o sonho ainda hoje te
adormece,
No findar de
cada dia, deleitado, jamais
encontraste.
Encontraste
espessos mantos sem saberes de quê,
Nem porquê, e
que culpa tu tinhas, que mal
praticaste,
Envolvendo-te o
corpo, cobrindo o universo,
Enevoando-te o
pensar do já perturbado
pensamento.
Lembras-te, com
intensidade ou apenas só
vagamente,
Daquela luz
tépida da noite, ora difusa ora intensa,
Em noite de
luar, com sombras de nuvens
vaporosas
Viajando livres
com o vento, soltas no doce luar.
Acorrentado,
lembras-te livre em mundos
transparentes,
Em noites
claras de luar e de estrelas em campos
sem findar.
Com suores,
olhas a luz dos tiros rasgando noites
sem luar
E estremeces no
aclarar das noites pelo brutal
incendiar.
É hora de
acordar!
É a hora de
voltar!
in José Rodrigues Dias, Braços Abraçados, Tartaruga Ed., 82 pp, 2010.
* * *
José Rodrigues Dias, 2019-11-21
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