Vida
De seu tempo acabado,
parece ser a morte,
o seu instante chegado…
Tronco e membros ressequidos,
braços caídos abandonados,
peso reduzido
do corpo sem viço,
o seco
apenas pelo osso preso…
O corpo desfolhado,
tantos verdes que antes fora,
tanta tonalidade reflectida,
tão baço e parado agora,
morto que ali está…
Onde o sangue e a seiva,
as correntes de Primavera
em fios sem fim?
Parece a morte,
a morte…
Mas, olha,
pega-lhe na mão,
molha os seus lábios,
vai-os sempre molhando,
tira-lhe os podres e os secos,
corta-lhos
mesmo que pareça desumano…
Não lhe deixes o ser,
não,
não o deixes morrer!
Olha-o sempre,
chama-o,
cada momento!
Vai-o espicaçando,
acredita, sim,
chama-o sempre…
Verás, à vida voltará!
Um dedo, o braço
o gomo, um olhinho,
o ramo em abraço…
2012-06-11
in José Rodrigues Dias, Tons e Sons de Primavera(s), Ed. Forinfor, 106 pp, 2016.
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