Santoya
O que se esconde
no fundo desse mar
no teu olhar
onde a luz do meu
se perde devagar
e à pergunta
não responde?
E os versos longos
no teu cabelo escritos
quem os reescreveu
assim escorreitos?
Foi depois de uma noite
em que o fruto cedo amadureceu
e o sonho tombou ferido
dos teus lábios?
Impotente, quedo-me
nas interrogações dos homens
na decifração dos mistérios
que estão para lá
do que se vê,
como num livro
sobre a Lua
doce
no seu recôndito
mais feminino
decerto muito belo
escrito por um poeta ao luar
sem nunca se poder folhear
nem sequer abrir,
apenas vagamente intuir
por algum reverso
de um ou outro verso…
2013-11-13
in José Rodrigues Dias, Poemas daquém e dalém-mar, 178 pp, 2016.
* * *
Jrd, 2020-11-13
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