sexta-feira, 13 de novembro de 2020

Santoya

 


Santoya


O que se esconde

no fundo desse mar

no teu olhar

onde a luz do meu

se perde devagar

e à pergunta

não responde?


E os versos longos

no teu cabelo escritos

quem os reescreveu

assim escorreitos?

Foi depois de uma noite

em que o fruto cedo amadureceu

e o sonho tombou ferido

dos teus lábios?


Impotente, quedo-me

nas interrogações dos homens

na decifração dos mistérios

que estão para lá

do que se vê,

como num livro

sobre a Lua

doce

no seu recôndito

mais feminino

decerto muito belo

escrito por um poeta ao luar

sem nunca se poder folhear

nem sequer abrir,

apenas vagamente intuir

por algum reverso

de um ou outro verso…


2013-11-13


in José Rodrigues Dias, Poemas daquém e dalém-mar, 178 pp, 2016.


* * *   


Jrd, 2020-11-13


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