Poema escrito neste dia, em 2014; a foto de hoje.
Adeus e depois
Depois
de um adeus
de
caminhos de sentidos opostos
o
resto ainda
de
uma centelha viva,
ainda
que ténue a réstia de sonho,
depois
do adeus o encontro
no
outro lado do mundo,
num
mundo de reencontro,
pois
todas as rectas,
mesmo
as não paralelas
(das
paralelas há muito que o sabia
depois
daquela coisa da geometria),
todas
as rectas se encontram um dia
(talvez
lá num ermo longe,
num
infinito talvez…),
e
já nem falo das coisas curvas,
pois
a luz dos caminhos
segue
os contornos da terra
e
a terra que antes parecia plana
é,
afinal, redonda
como
os grandes oceanos
primeiro
circum-navegados
em
águas turvas,
e
redonda é a terra como os olhos
e
o cérebro
mesmo
que olhando
para
um lado só,
teimando
como burros ainda mamando
ou
já velhos
cansados
talvez da carga
ou
talvez do dono
sem
dó…
Mas
mesmo nesse lá longe
ou
lá onde for,
o
reencontro de caminhos
concretos
de pedras já buriladas
ou
talvez todos esfumados
em
lembranças apenas
de
alegrias e penas…
Pergunto-me,
então,
se
ainda se reconhecerão
olhando-se
em
cada funda ruga…
Pergunto-me,
ainda,
se
na tese
e
na antítese
dos
seus caminhos
(agora)
não se perguntarão
se
não terá sido uma fuga
primária
a sua,
mútua
ou não…
2014-03-02
in José Rodrigues Dias, Poemas daquém e dalém-mar, 178 pp, 2016.
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Jrd, 2021-03-02
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