Grato
tempo!
Levo sempre comigo o tempo
em qualquer caminho e a todo o
momento,
sempre o levo, nunca esquecido
o deixo
(como lá soía dizer-se da capa
e da merenda
in illo tempore),
muito menos quando o caminho é
arriba acesa
quando a subo
e mais ainda quando a desço
e se maior porventura for o
temor do medo
maior a procura
dessa mão nessa altura
em que uma
escorregadela o chão mo tira
e uma queda ao chão me
leva...
(Todo o homem tem sempre algum
medo
em alguma altura de procura)…
Levo sempre o tempo comigo
quando aprendo e quando
ensino,
por onde fui quando aquele era
e por onde vou
mesmo se outro ali sou,
quando soletro letra a letra e
a palavra se fala,
quando tudo terminado por fim
tudo se cala,
quando parece que tudo se
esquece
e logo depois tudo nítido reaparece,
tudo com o tempo eu partilho
em cada momento do caminho
por onde fui
e por onde vou
onde inteiro só completo sou
com esse meu velho amigo
na aragem da tarde em que
agora estou…
E agora, olhos nos olhos, eu
estou certo agora
que ele nas arribas, em cada
nova aresta viva,
enquanto eu paro e descanso,
ele é uma lima
sem uma só pergunta nem mas e sem demora…
Grato tempo!
2014-08-27
In José Rodrigues Dias, Poemas daquém e dalém-mar,
Ed. Forinfor, 178 pp, 2016.
* * *
Jrd, 2020-03-04
Ed. Forinfor, 178 pp, 2016.
* * *
Jrd, 2020-03-04
Sem comentários:
Enviar um comentário