domingo, 1 de março de 2020

Palavras ab manu




Palavras ab manu 


Quase sempre,
é sempre da minha vida
(de noite, de dia)
que se move em fotografia
de uma sabedoria maior
que copio palavras
nela guardadas,
sábias e discretas,
libertas,
desamarradas
do tempo e do espaço
de uma terra ou de um mar,
quase sempre
de um meu passo…

Sou apenas um copista
ab manu
de um quadro belo
de um artista
(de um homem que lavra a sua terra
com a sua própria palavra
como um filósofo, um poeta ou um cientista),
cheio cada quadro de movimento
(pois o que no tempo parou,
no momento acabou)…

Vou aprendendo com os mestres
este meu novo ofício
de copiar
(o essencial diverso está escrito
em já tanto verso…)
ainda que podendo mudar
o tom do tempo e no espaço a posição
de alguma movediça palavra
menor e mais leve
que o meu ser fraco eleve
sem que altere
nem a pedra
nem a construção…

2014-02-18

In José Rodrigues Dias, Avistamentos de mares, Segunda viagem (Trilogia), Ed. Forinfor, 228 pp, 2020.

Jrd, 2020-03-01

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