O
canhão no Sítio da Nazaré
Tu
me afrontas,
do
alto me provocas
como
cão
sem
dono nem tino
que
dia e noite
me
ladra,
ladra...
Eu
sou este mar,
uma
terra de imensa paz
onde
um homem se refaz
e
se vem banhar...
Mas
tu do alto me afrontas
e
em certos dias
como
santo
em
desespero
neste
pensamento
disperso
em
ondas de muita espuma
navegando
o tempo
me
perco...
E
quando o grande vaso
de
água se enche e extravasa
da
tua permanente provocação
sobre
ti em arco disparo
o
meu canhão
que
em mim guardo
de
estranho olhar
então,
mas
ainda assim, olha, repara,
isso
é amor,
porque
é uma imensa diversão
o
que o homem além aguarda,
não
é furor,
isto
é ícone duma velha paixão...
2015-01-21
In José Rodrigues Dias, Avistamentos de mares, Segunda viagem (Trilogia), Ed. Forinfor, 228 pp, 2020.
Jrd, 2020-02-29
Jrd, 2020-02-29
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