As minhas videiras
Podo as videiras mas sem saber
bem,
aprendiz de cada coisa como
saberia?,
mas sei como a mão a cepa
acaricia
e assim sempre nos entendemos
bem…
Podo agora as minhas videiras,
sei que incerto será o porvir
do tempo
e se a cesta terei de uvas
cheia…
Muitas serão dos pássaros
que isso eu sei de outros
anos,
e até cães as virão comer…
Podo agora as minhas videiras
(é o gosto pela vida a
renascer,
nas uvas frescas vê-las
crescer),
apesar desse chorar de
videiras,
longas suas lágrimas,
o seu sangue, a sua seiva, a
dor,
dos cortes a escorrer…
in José Rodrigues Dias, Chão, da Terra ao Pão,
Ed. Forinfor, 152 pp, 2017.
* * *
José Rodrigues Dias, 2020-02-20
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