quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

As minhas videiras




As minhas videiras


Podo as videiras mas sem saber bem,
aprendiz de cada coisa como saberia?,
mas sei como a mão a cepa acaricia
e assim sempre nos entendemos bem…

Podo agora as minhas videiras,
sei que incerto será o porvir do tempo
e se a cesta terei de uvas cheia…

Muitas serão dos pássaros
que isso eu sei de outros anos,
e até cães as virão comer…

Podo agora as minhas videiras
(é o gosto pela vida a renascer,
nas uvas frescas vê-las crescer),
apesar desse chorar de videiras,

longas suas lágrimas,
o seu sangue, a sua seiva, a dor,
dos cortes a escorrer…

2012-02-20


in José Rodrigues Dias, Chão, da Terra ao Pão
Ed. Forinfor, 152 pp, 2017.


* * *   

José Rodrigues Dias, 2020-02-20


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