terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

O templo

 




O templo

 

 

Descera uns degraus, 

velho era aquele granito,

e segui-o, não me via.


A porta estava quase fechada, 

enorme, das antigas que o tempo não come,

por pequena frincha se abrira.


Entrara. 

Ali, uns pequenos passos perdidos.

Segui-o.


Fechado o templo,

uma porta leve abrira e nele entrara,

de silêncio o ruído.

 

Desligo 

o telemóvel.

Segui-o. 


O templo,

vazio, enorme, ali vazio

o templo!


Vi-o de pé a olhar.

Senta-se, então, à entrada,

era ali o Ocidente.


Não havia um concreto Sol

nem uma discreta Lua,

não era noite e nem era dia,

 

não havia pássaros e nem árvores

e nem frutos proibidos,

chamas também nenhuma se  via.

 

Nenhum rio a correr se pressentia,

nenhum mar ondulava

nem  pinga de água nem aragem,


havia apenas uma luz coada,

não sei que coisa a coaria

mas não era o coar de nuvens


nem eram folhas de árvores

nem qualquer tipo de poluição,

também não eram sombras,

 

 era apenas aquela luz coada,

íntima, uma luz sentida de alma calma,

era apenas aquela luz tépida


como água de banho limpa

de uma interioridade penetrada

em momento de reiniciação.


2017-02-09


in  José Rodrigues Dias, Poemas em tercetos simétricos, diarísticos (Janeiro a Março, 2017), 132 pp, 2017.



* * *


Jrd, 2021-02-09




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