quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

Talvez a Vida seja a Primavera

 


Poema escrito neste dia, em 2018 (a foto de hoje):


Talvez a Vida seja a Primavera

 


Recolhe-se em sua casa, bem dentro de si,

a chuva lava o sujo, o vento leva o seco já sem vida,

e a semente sente o seu tempo de renascer...


Desço ao interior do poço,

dentro de mim desço, o tempo é da noite

e é no silêncio que me oiço...


Recolhido, vendo sem ver, a palavra dita baixo,

não há ruído, só eu e o que digo e oiço, só eu,

chuva é uma outra coisa como o silvo do vento...


Chuva, neve e vento,

objectos do tempo limpando pragas,

dentro é outra coisa...

  

Lembro esse sentido da Quaresma,

entrega, partilha do pão e morte, e da semente

almejando ver a Luz de Primavera...

 

Saio por momentos de mim, observo:

são rebentos, olha tu, são rebentos de amendoeira

a caminho de ser flor e a flor ser fruto...


Dentro dela, parecendo morta, sem viço,

a semente de vida, talvez a Vida seja a Primavera,

que do interior da noite faz a luz do dia...


2018-02-25

 in José Rodrigues Dias, Cadernos Diários de Poesia, Inverno (2018, Janeiro a Março), 118 pp, 2019.


Jrd, 2021-02-25


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