domingo, 21 de fevereiro de 2021

Teria a raposa fome?

 


Hoje, a propósito de uma reportagem num canal de televisão:


Teria a raposa fome?

 

 

Vindos do lado do mar,

já de noite, a luz a dos homens,

a noite clara, quase luar...

 

Apareceu, saltou para o muro,

felino, olhar vivo, esguio, e digo-me:

ei-lo, aqui está o gato da praia...

 

Mas não, o gato da praia não, não era,

é outro, e gato, gato mesmo, também não...

Talvez um saca-rabos como o de Verão...

 

Nós vindo

(seria uma raposa?...),

o ser vindo...

 

Saltando muros,

parando, olhando, sentando-se,

eu fotografando...


Para casa nós já indo

e o ser, parando, andando, nos olhando,

e o ser lá vinha vindo...

 

Abro a porta do outro lado,

fechada a de entrada,

e logo aparece, fica deitado...

 

Deitado, talvez sentado, não sei,

o focinho afiado, olhos de luz reluzindo,

rabo engordado, coisa de raposa...

 

Sim, virada para mim, meiga, doce,

a dois metros, não mais, como em pose,

uma jovem raposa talvez com fome...

 

Vindo, modo meigo,

nós para casa indo, laudato si'!…,

teria a raposa fome?

 

2016-11-07


in José Rodrigues Dias, Diário Poético (2012 - 2016), Livro dez, 10/10 (Julho a Dezembro de 2016), 296 pp, 2021.


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