sexta-feira, 29 de maio de 2020

Da oliveira




Da oliveira


Velhinha, quanta história presenciada,
cada ruga um rol de memórias, sóis, ventos, silêncios,
sem conta a idade, oliveira acarinhada...

Pomo-nos a conversar, todo o tempo é bom,
falamos sem palavras, em silêncio,
as palavras dizem pouco, conta-me histórias...

Por vezes, pergunto-lhe o que sucedera,
se fora ali terra de trigo, que animais houvera,
por que mão chegou e se de longe viera...

 Abana as folhas, mexe um pouco uma ramada
e em tom calmo de sábia, diz como se em pergunta:
que importa agora isso…, e remexe-se, cansada...

A idade nos vai aproximando
conhecendo-nos melhor, gosto dela, pertencemo-nos,
e o tempo nos vai ensinando...

2017-05-29

* * * 


in  José Rodrigues Dias, Poemas em tercetos simétricos, diarísticos, Livro II (Abril a Junho, 2017), Ed. Forinfor, 144 pp, 2018.

* * * 

Jrd, 2020-05-29

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