Até onde eu andarei?
Encontro-me entre versos, versos, versos…
Serão versos?
Poesia?
Perdi-me no tempo entre fórmulas e números
inebriado tantas vezes em tão inefável beleza
tão absolutamente sagrada, origem que era…,
que só alguns deuses e deusas assim a sentiam
em instantes de profunda reflexão concentrada…
E perdi-me também entre tantos bits e bytes
(como haveria aqui de os nomear?),
entre aqueles esqueléticos zeros e uns,
tão esqueléticos e tal a pureza em si que era…
Deixei marcas cinzeladas de vida nascida que senti
enquanto me marcava a sombra vaga de uma nuvem
correndo sobre o homem no chão
e a cor crescendo numa flor
e poder eu apenas então dizer
sim ou não,
apenas isso…,
ou não e sim
em absoluta disjunção,
assim tão, eu tão redutor
vendo a cor a crescer
de uma flor
ou a força
de uma dor…
Perder-me-ei de novo no tempo
neste outro encontro
fora de tempo?
Até onde eu andarei?
2013-01-15
in José Rodrigues Dias, Diário Poético (2012 - 2016), Livro três, 3/10 (Janeiro a Junho de 2013), 266 pp, 2020.
Jrd, 2021-01-15
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