sábado, 18 de julho de 2020

Meditação




Meditação


Em que meditas, mulher,
assim em fronteira oscilando incerta
entre

a noite
que te esconde o que procuras
e te vai fugindo e tu seguindo atrás,
tu sempre atrás, 
perseguindo o que nem sabes o que é,
só tens um pressentimento vago definido
que se vai redefinindo no caminho

e a luz
que sempre te chama
e te banha
na tua fronte suave descaída
sobre a mão parecendo deitada
em taça ajustada em cada teu momento
como se fosse uma antena parabólica automática
seguindo os raios de maior intensidade

de um sinal de luz viajando
sem descansar
pelo que é
ou já foi
ou que um dia para nós ainda será…

Em que meditas tu, mulher,
ainda assim jovem
e tão bonita?
Diz-me que caminho até aí te levou
a essa bifurcação
de caminhos sem aparente solução
ou que caminho é esse que agora aí terminou…

Eu sei que não te posso ajudar
mas, ainda assim, diz-me
em que meditas tu, mulher,
assim ainda tão jovem
e bonita…

2013-10-06


in José Rodrigues Dias, Poemas daquém e dalém-mar,
178 pp, 2016.

* * *

Jrd, 2020-07-18

Sem comentários:

Enviar um comentário