Teus
olhos assim tão tristes
Teus
olhos assim tão tristes
imaginando,
do medo,
a
fome de amanhã,
de
um amanhã
perto…,
que
a fome de hoje ainda tu a enganas
nas
demoras da respiração suspensa
até
ao dia de receberes,
tu
ainda recebes,
menos,
sim, menos,
mas
tu ainda recebes…
Que
vão indo os teus filhos,
tu
tens filhos,
os meus filhos, dizes tu para
ti
baixinho,
e
a casa que também ela vá indo,
porque
sem filhos e sem casa
tu
não és,
que
vão indo
e
tu ficas…
Ficas
tu
com
os teus olhos assim tão tristes
temendo
a fome de amanhã,
essa
fome dentro de ti
como
eu também a sinto,
talvez
uma outra fome,
dentro
de mim…
2012-09-14
in José Rodrigues Dias, Diário Poético (2012 - 2016), Livro dois, 2/10 (Julho a Dezembro de 2012), Ed. Forinfor, 238 pp, 2020.
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Jrd, 2020-07-04
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