Gosto de pedras
Gosto de pedras,
amanho-as,
moldo-as
em tamanho e feitio
a meu próprio jeito,
faço delas papel perene
e nelas desenho as
letras
(do tipo itálico e negrito
quando a coisa é solene),
tudo isso faço a cinzel
e a luz e a fogo
e faço-o o tempo todo,
faço de pedras
palavras
e delas os livros,
faço também caminhos,
casas de homens,
colunas, templos divinos…
Das pedras, bem sortida,
gosto de fazer
uma boa sopa de pedra
que, depois, à noite,
saboreando-a,
à mesa posta, me faz sorrir
em luz mui tranquila de
harmonia…
As pedras ninguém as leva,
quem as carregaria
pesadas assim
de símbolos de mim,
quem de mim as levaria?...
E levar as minhas pedras para
onde,
por que alguém as quereria
se nelas de concreto nada se
esconde?!...
2016-06-16
in Fiat Lux (no ano da Luz), 90 pp, 2015.
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Jrd, 2020-07-11
Muito bom, meu caro
ResponderEliminarQue seria de nós
sem as pedras das mós?
É verdade, Rogério!
ResponderEliminarObrigado e um abraço.