Arado, passado e futuro
Mesmo
que poucos os passos,
sorte
a minha…,
atrás
duma parelha jungida
e
de um arado,
ou
de charrua,
aqueles
seres que então se erguiam
nesse
tempo de fazer a sementeira,
e
as sementes nem sempre nasciam,
que
depois de mil trabalhos floriam,
que
floriam
em
pão
da
massa benzida
que
as mulheres cedo coziam
de
semana a semana, ou mais,
no
forno rojo de lenha
e
que à noite, cansados,
suados,
sujos,
os
animais acomodados,
(que
floriam
naquele
pão), o pão
que
os homens na cozinha comiam
à
luz duma candeia afugentando as sombras
com
umas batatas do pote ao lume
e
uma espinha de bacalhau
ou
uma dentada de toucinho amarelo
em
cima dum carolo de pão,
ou
talvez fosse
um
resto de sardinha,
ou
nada fosse…
Mesmo
que poucos os passos,
dizia
eu, que sorte, então, a minha!...,
atrás
de uma parelha jungida,
e
de um arado,
ou
de charrua,
depressa
aí percebi,
ainda
quase garoto,
que
só direitos eram meus sulcos
quando
perto não olhava
e
o destino certo longe eu fixava…
Sempre
o passado me lembra,
o
longe presente sempre, sempre o repito,
que
sempre a gente se lembre…
2012-09-13
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