sexta-feira, 14 de agosto de 2020

Estudo em Branco

 


Estudo em Branco

 

Sobre a toalha não pura de brancura

pedaços de sombras,

ondas absorvidas e reflectidas,

conjuntos difusos em mistura

de objectos ora fechados ora abertos

como vidas ora quase cheias

ora quase vazias

de caminhos

como em imagem de copos

seguindo a luz incidente dos dias,

 

versos e poemas por limpar

em sua impureza

nascida

de um pecado original,

 

restos de manchas por aclarar

à espera, quem sabe..., 

de um último leucócito ou de uma coisa assim

até o branco ser o mais branco,

a luz a mais pura,

onde tudo se reflecte

sem um negro avaro escuro,

 

toalha pura da reflexão integral,

soma de Darboux infinita

de fruição da alma

no limite integralmente limpa,

atrozmente calma…

 

Mas aqui, nesta toalha de terra

que o suor limpa,

luz pura seria o frio de um gelo,

um coco aberto sem sinal de sede,

água sem se ver pura,

arco-íris desfeito

num céu sem nuvens,

um futuro sem qualquer procura…

 

2014-01-28


in José Rodrigues Dias, Poemas daquém e dalém-mar

178 pp, 2016.

* * *

Jrd, 2020-08-14


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