Pai
Quando me perguntava, Pai,
o que dizia a canção que no
rádio ouvia,
eu pensava,
naquela nossa terra e
tempo,
que me perguntava
pelas palavras da tradução
que eu numa terra longe
aprendia
com os calos de cada sua
mão,
mas ontem,
só ontem, Pai,
naquele silêncio de sala
cheia, liberto,
ouvindo cada canção
eu pensei, lá longe, que
talvez não,
que talvez o senhor se
referisse
ao que estava dentro, ao
poema,
àquela poesia que se
desprendia
sem palavras,
porque a poesia é de todos,
é livre, concreta e difusa,
e mesmo sem palavras flui,
e flui livre
como lágrimas inesperadas,
meu Pai!...
2013-10-26
in José Rodrigues Dias, Chão, da Terra ao Pão, 152 pp, 2017.
* * *
José Rodrigues Dias, 2020-08-05
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