Hiroshima
num dia assim
(A incluir, brevemente, no vigésimo livro de Poesia)
Hiroshima
num dia assim
morreu...
Violentamente
sobre ela se abateu
uma
tal tempestade
sem
tempo nem palavras para a nomear
e
um enorme cogumelo logo cresceu
que
nasceu brutalmente de uma fórmula bela
tão
ingénua e singela
feita
ali tão diabólica por uma guerra
que
sua intrinsecamente não era…
Mas
sua foi e foi para sempre
e
destruiu tudo quanto Hiroshima era
e
depois noutro dia o que era Nagasaki…
Ficou
um deserto de fantasmas em quarteirões,
não
de areias reluzentes à luz
nem
de um qualquer sinal de verde de um oásis…
Ficou
só um deserto sem fim
de
cinzas tão cinzentas
quanto
frias trevas
com
cheiro a tanta e a tanta morte
naquele
calor de inferno
num
dia assim…
E
tu, fórmula bela,
quão
bela, oh Einstein!,
tão
elegante quanto potente e singela,
redime-te
hoje,
em
cada dia assim,
em
cada dia,
numa
enorme explosão
de
um milhão bem acrescido de abraços
crescido
deste
meu sentido abraço!
2013-08-06
José Rodrigues Dias, 2020-08-06
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