quinta-feira, 6 de agosto de 2020

Hiroshima num dia assim




Hiroshima num dia assim


(A incluir, brevemente, no vigésimo livro de Poesia)

 

 

Hiroshima num dia assim

morreu...

Violentamente sobre ela se abateu

uma tal tempestade

sem tempo nem palavras para a nomear

e um enorme cogumelo logo cresceu

que nasceu brutalmente de uma fórmula bela

tão ingénua e singela

feita ali tão diabólica por uma guerra

que sua intrinsecamente não era…

Mas sua foi e foi para sempre

e destruiu tudo quanto Hiroshima era

e depois noutro dia o que era Nagasaki…

 

Ficou um deserto de fantasmas em quarteirões,

não de areias reluzentes à luz

nem de um qualquer sinal de verde de um oásis…

 

Ficou só um deserto sem fim

de cinzas tão cinzentas

quanto frias trevas

com cheiro a tanta e a tanta morte

naquele calor de inferno

num dia assim…

 

E tu, fórmula bela,

quão bela, oh Einstein!,

tão elegante quanto potente e singela,

redime-te hoje,

em cada dia assim,

em cada dia,

numa enorme explosão

de um milhão bem acrescido de abraços

crescido

deste meu sentido abraço!

 

2013-08-06



José Rodrigues Dias, 2020-08-06



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