Falo
sempre de nós
Falo
sempre de nós,
as
palavras livres
e
pontuações
que
quero justas sempre
e
sempre com o rigor das linhas,
dezenas
de milhares, tantas que foram…,
de
códigos de máquinas
por
dentro cinzeladas em detalhes
em
que nos entendíamos exactamente
como
se a mesma fosse a frequência da onda
em
que juntos nos libertávamos a navegar
distinguindo
os dois tão precisamente
um
ponto e vírgula de um ponto
e
cada um deles de uma vírgula,
ou
um ponto de interrogação
de
um de exclamação,
como
planeta, estrela, cometa,
sem
falar de tudo o resto...
E
assim se fazia o céu
e
a alma se abria
em
cores e sons
que
então ensinávamos
a
serem plumas e chilreios de pássaros
e
flores de colos abertos bendizendo o céu
e
sorvendo num cair de tarde a luz
de
um arco-íris ali
e
tão longe…
Falo
sempre de nós,
homem
hoje
interrogando
os pormenores
de
cada arco longo
de
um arco-íris,
atónito,
deliciado…
2012-11-12
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