segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

Campo largo e depois

 

(Continuando a publicar um dos poemas escritos neste dia, este em 2013, 

e já publicado, este em livro de 2020).



Campo largo e depois


Depois do campo largo

largo

que nem imaginas,


tu dentro de quatro paredes com uma janela estreita

à frente de outras janelas estreitas como a tua,

quem sabe se sombria a luz, de Inverno,

e tu, talvez, ouvindo sons roucos de pássaros presos

numa televisão falando por falar, sozinha,

como um sem-família durante o dia

em casa vazia,


(olha, dizem que o campo fora antes de trigo

quando o campo era trabalho e pão

e um ao outro dava a mão,

irmão),


depois do campo largo

largo

que nem imaginas,

onde sou súbdito e senhor,

volto agora a esta oficina

que feita de liberdade

é quase prisão,

libertado, fechado, libertado,

onde a palavra

é um ser presente, omnipresente,

que, ainda assim, vai amadurecendo

fermentando como o pão

mesmo sem o calor do Sol aberto

do campo largo

largo

que antes fora seara

ao Sol

aloirando

pão

na mão!...


2013-12-14


in José Rodrigues Dias, Diário Poético (2012 - 2016), Livro quatro, 4/10 (Julho a Dezembro de 2013), 276 pp, 2020.


* * * 


Jrd, 2020-12-14


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