Retirada
Retirada da gente em carreiro
ao correr do mar,
carreiro mesmo de formigas
antigas
agora mantido,
formigas mesmo precavidas
no cesto do pão
à cabeça
e na mão,
o coração…,
quem poderá falar da razão de cada um
e do coração todo da gente
em carreiro de retirada
em tarde ou manhã da vida
quando em cada dia
é igual o dia todo
com todos os tons de cinzento
e apenas uma sombra clara de luz
assoma quase envergonhada
de um céu que se esconde…,
e os passos marcados
na areia
logo também eles desfigurados,
figuras instáveis
sem rostos
de grãos de areia fugidia
por entre os dedos
talvez frios de um suor de medos,
um quase nada
em tempo de tudo quase nada,
talvez sinais rasteiros de algum deserto
em caminho com um pequeno oásis perto
onde a alma ainda assim descanse
por fim
liberta
das folhas
de um outono…
2013-12-09
in José Rodrigues Dias, Poemas daquém e dalém-mar, 178 pp, 2016.
* * *
Jrd, 2020-12-09
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