Semeador de vida
Se eu te disser
que hoje semeei
uma coisa na terra
quase vital mas tão banal
que receio até nomeá-la
com medo, oh deuses!,
que alguma musa se ofenda
(batata, é o que é…),
tu não acreditas,
eu sei,
porque só um louco acreditaria
que eu,
aprendiz de poeta,
semeador de palavras,
tal coisa eu semearia
e logo neste tempo
assim tão cedo,
tão fora do tempo,
mas se eu hoje te digo isto,
neste findar de ano,
é porque, apesar de tudo, de tudo mesmo,
a esperança de ver (re)nascer e ser vida e viver
em tempo de marés tão adversas
e salgadas como estas
e de ser gente sobrevivente
ainda vive em mim
nesta terra
mesmo até ao fim,
e se eu assim to digo,
não acreditas?…
2013-12-30
in José Rodrigues Dias, Diário Poético (2012 - 2016), Livro quatro, 4/10 (Julho a Dezembro de 2013), 276 pp, 2020.
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Jrd, 2020-12-30
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