domingo, 13 de dezembro de 2020

O Luís e o Natal

 


(Escrito neste dia de Dezembro, há seis anos, publicado no penúltimo livro deste ano; a foto do Luís é do fim de de Outubro).


O Luís e o Natal



Habita o Luís a rua e a rua o habita,

assim coabitam, comum a sua mala

que é um móvel na rua, cama e sala…


Eu subi à cidade, meu relógio parara,

o tempo me iludindo já me enganava…


Subi a rua que se queixava,

na rua o Luís, o Beato Salu,

que habita a rua que é sua,

eu apenas por ali passava…


Passando, parei:

um sorriso seu todo se abrindo

e a mão aberta se dando,

eu largo sorrindo

logo lhe falei…


Luís, então?


Respondeu-me sorrindo com a mão,

nem sim, nem não, a mão abanando…


Que haveria ele de me dizer,

que haveria eu de lhe dizer?...


Cuide-se!, e então de novo caminhei,

o meu relógio antes se parara,

doce seu olhar mais me ficara,

ali mais fundo eu em mim o guardei…


Entretanto, vai chovendo na rua

e o vazio vai-se enchendo de frio

enquanto a luz já se vai esvaindo...


É tempo de Natal com este vazio

assim frio subindo, a noite na rua caindo,

o Luís pensando, ali me sorrindo…


2014-12-13


in José Rodrigues Dias, Diário Poético (2012 - 2016), Livro seis, 6/10 (Julho a Dezembro de 2014), 188 pp, 2020.



* * * 


Jrd, 2020-12-13



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