O poema denso
(Escrito neste mês e dia, em 2013, em livro de 2019)
Não haveria tempo nem espaço
nesse instante por começar
de uma singularidade
com traços sem memória
e o poema, então, seria nada e tudo
em que o verbo disperso
seria coração uno
de um vermelho puro
num só ponto infinitamente denso
talvez de um enorme multiverso
contido numa fórmula ainda por descobrir
mas talvez muito simples
antes de se ter escrito o primeiro esboço de verso
deste nosso universo cheio de quase nada
que agora arrefece…
Acontece tudo logo no big bang
quando o poema denso
do buraco negro daquela noite etéreo se abriu
e no mar floriu
em versos de vapor de água leves
mas quase sempre muito breves
no tempo que agora cresce
sem quase prova de anti-matéria
e quase já sem matéria
que logo escorre da palma da mão
como pó fino de areia
ao entardecer
quando o Sol como Poeta vai à procura
dos cabelos da sua sereia
e com a ternura dos homens os acaricia
em momentos de pouca dura
e de nostalgia…
2013-12-02
in José Rodrigues Dias, Avistamentos de mares, Primeira viagem (Trilogia), 216 pp, 2019.
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Jrd, 2020-12-02
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