quinta-feira, 17 de setembro de 2020

A chuva, tanta coisa!

 


(Poema do vigésimo livro; foto de hoje).


A chuva, tanta coisa!

 

 

É noite, chove,

começa a chover muito,

terno

o amor perto!

 

Lembro-me do calor,

do leito,

do leito de um rio

que de pequenino se faz

ao caminho,

da evaporação,

do leve que sobe

e do vento que o leva,

do frio que o condensa em neblina,

do que cresce

e do peso

que desce,

 

e aparece a maçã de Newton

(dizem que era uma maçã),

e ainda a imagem de Galileu Galilei

de Pisa

sentado em Florença,

pisado,

admoestado,

e, aqui, vejo os homens

como luz que guia

e como sombra, 

uma sombra negra

que a luz desfaz…

 

Chove ainda mais,

a água da chuva

que agora cai

é pura

ou quase pura

(digo quase porque nada será puro

porque há poeiras em tudo)

e imagino que a água corre para um rio

e que no rio se baptiza

e se lava

e,

se o sujo lavado,

se é outro,

como num reset

iniciado…

 

Chove,

terno

o amor perto,

e pergunto-me ainda que mão

puxa o vento

e quem num sopro

iniciou o tempo!...

 

2013-10-22


in José Rodrigues Dias, Diário Poético (2012 - 2016), Livro quatro, 4/10 (Julho a Dezembro de 2013), 276 pp, 2020.


* * * 


Jrd, 2020-09-17

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