Vaso com flores
(Sobre um fundo muito negro do palco
um branco frio iluminando à boca da cena
dois actores,
um, empregado, chamado
"Vaso"
em estátua de flores,
o outro, desempregado,
chamado "Jarro"
no chão tombado
em posição que se sente injusta e de pena.
Eu e o outro de mim, sós, espectadores.).
Somos irmãos
nascidos ambos dos homens,
as mesmas mãos…
Sim, Jarro, irmãos…
Tu, irmão,
vaso transparente,
puro o teu coração,
feminina mão te adornando
cobrindo-te de encanto,
vaso florido,
meu bom irmão…
E tu, meu irmão,
no chão
deixado por uma qualquer
mão
tombado,
meu grande irmão…
Ouvi, meu irmão,
uma mão a dizer um dia
que small is beautiful,
talvez seja por isso
o teu bonito ramo de
flores...
Talvez não, olha que não,
meu irmão,
não ouves muita mão falando
das sinergias
das grandes fusões, da
escala das economias,
do que é grande como diz
muita mão?
Tu és grande, se és!, meu
irmão,
e não é só o teu tamanho
grande,
é no trabalho o teu amplo
braço
que abarca muita serventia,
muito saber teu
e, olha, essa enorme
alegria…
Até o teu design…
Não digas mais, meu irmão…
É ilusão essa alegria!...
Não, não digas, não…
É a vida!..., que o outro dizia...
É, irmão,
a vida
no chão…
Meu irmão,
que triste o chão
sem ter mão…
E amplo o braço…
Olha, meu irmão,
eu estou aqui,
dou-te o meu fraterno
abraço
e uma minha flor,
é tudo em mim,
talvez te ajude nalguma
dor…
(Quando o pano baixa
surge um vendilhão numa imagem
de um centro de terceira idade.
Eu levanto-me e saio.
O outro continua em silêncio,
triste).
2014-02-13
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