segunda-feira, 7 de setembro de 2020

SNS, o teu poema perfeito



 

SNS, o teu poema perfeito

 

(Pequena homenagem a António Arnault,

obreiro do Serviço Nacional de Saúde)

 

 

Teu o poema perfeito

 

(em tempo: digo quase perfeito

por se ter no tempo retrocedido,

tu triste e magoado,

quase o poema ofendido…),

 

de ti em vela de sonho nascido

a régua e a esquadro

e aberto, bem aberto o compasso,

todos à ordem,

no horizonte largo,

 

poema verso a verso burilado

em cada letra soletrada em nova palavra

em chão matizado 

em lavra de solidariedade,

cada homem feito um irmão

qualquer que seja o seu género e a idade,

 

eis, mundo inteiro,

o poema,

eis a saúde

feita aqui universal

e do homem feito um direito,

ei-la, a saúde!

 

A saúde, ei-la

em liberdade!

 

E, assim, de ti

o poema justo e perfeito

na luz iniciado,

a constituição

livro primeiro sagrado!

 

De ti, poeta e obreiro de oriente,

o poema perfeito

(pelo tempo feito imperfeito)

no peito da gente,

 

o teu poema decerto preferido

verso a verso construído,

em cada verso um nome,

o nome de cada homem nascido,

 

não importando

quem é,

a quem pertence o sobrenome,

de que gente é o homem

que ali está dorido

como outro qualquer nascido,

 

apenas se indagando

com o coração

e as ferramentas na mão,

auscultando...

 

Senhor, onde lhe dói,

onde começou, quando, como foi,

onde é essa sua dor?

 

Senhor doutor, mas quanto será?

 

Será o que for,

senhor,

não importa o que custará,

será o que tiver que ser,

vamos é ver

essa dor

e outra precaver...

 

Senhor,

vamos lá ver

essa dor…



José Rodrigues Dias, 2014-09-15


(Poema a incluir num dos próximos livros)


Jrd, 2020-09-07


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