quinta-feira, 3 de setembro de 2020

Reflexão

 


Reflexão

 

  

Que sei de mim?...

De frente, ao espelho, quem sou?...

De quem é o espelho onde me vejo?...

Os dados estão viciados ab initio?...

De quem os olhos meus 

que me vêem?...

É de manhã, o dia a meio, tarde, é já noite?...

E a luz, de onde a luz que me banha?...

Ou a escuridão?...

A luz é filtrada, a preto e branco,

realçando os contrastes,

isenta, pura?...

 

Que sei de mim?...

São os caminhos que faço

que me fazem?...

  

São os caminhos por fazer

que me fazem acontecer?...

 

E pelos caminhos

 

(pelos meus?...

Sim, pelos teus!...),

 

pelos caminhos

o que vai amanhecer?...

 

De lado,

poderão ver-me?...

 

(Ver-me?... 

Sim, ver-te...).

 

Como, ver-me de que lado

se tantos são os meus lados,

  

eu poliédrico,

cristalinamente vago,

eu disperso?...

 

De quem os olhos

que daí me vêem?...

 

Será oásis, miragem,

uma imagem

numa nova caverna?

 

Que sei eu de mim,

que sei de ti,

como cheguei aqui?...

 

Tu, quem és?

 

2016-03-16


in José Rodrigues Dias, Poemas daquém e dalém-mar

178 pp, 2016.

* * *

Jrd, 2020-09-03


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