Reflexão
Que sei de mim?...
De frente, ao espelho, quem
sou?...
De quem é o espelho onde me
vejo?...
Os dados estão viciados ab initio?...
De quem os olhos meus
que me vêem?...
É de manhã, o dia a meio,
tarde, é já noite?...
E a luz, de onde a luz que me
banha?...
Ou a escuridão?...
A luz é filtrada, a preto e
branco,
realçando os contrastes,
isenta, pura?...
Que sei de mim?...
São os caminhos que faço
que me fazem?...
São os caminhos por fazer
que me fazem acontecer?...
E pelos caminhos
(pelos meus?...
Sim, pelos teus!...),
pelos caminhos
o que vai amanhecer?...
De lado,
poderão ver-me?...
(Ver-me?...
Sim, ver-te...).
Como, ver-me de que lado
se tantos são os meus lados,
eu poliédrico,
cristalinamente vago,
eu disperso?...
De quem os olhos
que daí me vêem?...
Será oásis, miragem,
uma imagem
numa nova caverna?
Que sei eu de mim,
que sei de ti,
como cheguei aqui?...
Tu, quem és?
2016-03-16
in José Rodrigues Dias, Poemas daquém e dalém-mar,
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