terça-feira, 8 de setembro de 2020

Até onde eu andarei?

 



Até onde eu andarei?

 

 

Encontro-me entre versos, versos, versos…

Serão versos?

Poesia?

 

Perdi-me no tempo entre fórmulas e números

inebriado tantas vezes em tão inefável beleza

tão absolutamente sagrada, origem que era…,

que só alguns deuses e deusas assim a sentiam

em instantes de profunda reflexão concentrada…

E perdi-me também entre tantos bits e bytes

(como haveria aqui de os nomear?),

entre aqueles esqueléticos zeros e uns,

tão esqueléticos e tal a pureza em si que era…

Deixei marcas cinzeladas de vida nascida que senti

enquanto me marcava a sombra vaga de uma nuvem

correndo sobre o homem no chão

e a cor crescendo numa flor

e poder eu apenas então dizer

sim ou não,

apenas isso…,

ou não e sim

em absoluta disjunção,

assim tão, eu tão redutor

vendo a cor a crescer

de uma flor

ou a força

de uma dor…

 

Perder-me-ei de novo no tempo

neste outro encontro

fora de tempo?

Até onde eu andarei?

 

2013-01-15


in José Rodrigues Dias, Diário Poético (2012 - 2016), Livro três, 3/10 (Janeiro a Junho de 2013), 266 pp, 2020.


* * * 

Jrd, 2020-09-08

Sem comentários:

Enviar um comentário